O caso de Eduardo Sabóia não é diplomático.
É um caso de polícia.
Ao ajudar na fuga de um homem procurado pela
polícia boliviana sob graves acusações, Sabóia ultrapassou todos
os limites legais.
Na melhor das hipóteses, ele fez justiça com
as próprias mãos.
Suas justificativas, até aqui, são confusas.
Invocou até Deus. Disse ter ouvido, no trajeto de fuga, a voz de
Deus.
Ora, para ficar no terreno das crenças
religiosas, alguém poderia rebater que foi o diabo se fazendo passar
por Deus.
Comparou a embaixada brasileira em La Paz ao
Doi Codi, o lugar em que eram presos e torturados opositores da
ditadura militar brasileira.
Alguém imagina que Molina, o acusado, vivesse
em condições menos confortáveis que as de Julian Assange na
embaixada equatoriana em Londres?
Jornalistas brasileiros preguiçosos que tentam
fazer dele um mártir foram, em algum momento, descrever como era a
vida de Molina na embaixada?
Assange não tem como pegar sol, por exemplo,
na acanhada embaixada equatoriana perto da Harrods. Puseram um
aparelho que compensa a falta de sol.
Também não tem como se exercitar, e uma
esteira foi colocada ali para que ele mantenha a forma.
Molina estava em situação pior?
Quem acredita nisso acredita em tudo, como
disse Wellington.
Sabóia disse que resolveu um problema
político.
Ora, ele criou um grande problema com um
desrespeito histórico ao governo de Evo Morales.
Onde estaria toda essa bravura se o detido
fosse um americano acusado de crimes por Washington?
Molina não estava bem, psicologicamente?
Assange está? Manning estava, em sua temporada numa solitária? Os
presos sem julgamento de Guantánamo estão?
A humanidade está?
Sabóia está fazendo chantagens, agora. Diz
que tem mensagens capazes de incriminar outras pessoas.
Que as mostre, se tem – à polícia.
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