sábado, 5 de novembro de 2011

TODOS COM O POVO GREGO!

É com a maior indignação que os trabalhadores e o povo francês rejeitam o discurso de Sarkozy. Este pretende dictar ao povo grego o que tem direito de fazer, dizer-lhe se um referedum é possivel ou não, qual é a pergunta que deve ser feita, e até a resposta que convem lhe dar!

Não, senhor Sarkozy, é pura usurpação da vossa parte pretender falar em nome do povo francês neste diktat dirigido ao povo grego, “culpável” de se rebelar contra o plano mortífero dictado pelos especuladores e banqueiros. É pura usurpação da sua parte pretender actuar em nome da democracia, dado que o senhor já pisou o voto do povo francês no referendum de 2005 sobre a Constituição europeia e que, hoje, ameaça o povo grego dos piores raios com a única evocação da palavra: referendum.

Ninguém se engana. Quando Sarkozy (e com ele Merkel, Obama e os dirigentes do capital financeiro internacional) exige do povo grego que renuncie a toda soberania, todos os povos de Europa e do mundo são ameaçados. A brutalidade do aviso de Sarkozy aponta, a través do povo grego, o proprio povo francês dado que intervem à véspera do anuncio por Fillon (primeiro ministro francês) de um plano de austeridade reforçado.

Por isso é que o Partido Operário Independente julga urgente que seja organizada em França a mobilização dos trabalhadores, dos jovens e de todo o povo ao lado dos trabalhadores gregos contra os representantes do capital financeiro e contra o proprio governo dos bancarroteiros e especuladores.

Os trabalhadores e o povo grego têm o direito de dizer não a um plano dictado pela troïka (FMI-União Europeia-BCE) que diminui os salários e as pensões (até 40% !), liquida sectores inteiros da função pública (30 000 despedimentos imediatos), liquida todos os convénios coletivos no sector privado, e quer reduzir um povo livre e soberano a um estatuto de povo submisso e miserável!

O povo grego, como todos os povos da Europa, quer viver livre. Quer decidir ele mesmo do seu proprio futuro. Recusa ver-se “sacrificado” no altar dos aproveitadores, especuladores, banqueiros e capitalistas do mundo inteiro. O povo grego fala para todos os povos da Europa e diz: “Esta dívida não é a dos trabalhadores e dos povos. Que os capitalistas paguem a sua dívida! Que os banqueiros e especuladores paguem a conta das suas operações arriscadas! Não reconhecemos a nenhum governo o direito de impor-nos os seus planos!”

O povo grego abriu a única via que permite sair da “armadilha” da dívida (e dos critérios de Maastricht que garantem a estabilidade do euro) em que querem encerrar todos os povos da Europa: a via do levantamento legítimo que já produziu treze greves gerais e que, duma maneira ou de outra, (até pelo referendum), varrerá amanhã as medidas mortíferas. Abriu a via ao povo português, ao povo espanhol, ao povo italiano... e preparou a via que deverá também tomar o povo francês para salvar o seu sector público, os seus hospitais, a sua Segurança social e a industria das deslocalizações. Abriu a via à reconquista da soberania popular e da democracia que exige emancipar-se das travas da União Europeia, do Banco Central Europeio e do FMI.

Ao momento em que é ameaçado de ser excluido da “comunidade internacional”, é a nós que corresponde, trabalhadores de toda Europa – em particular a nós trabalhadores franceses – de manifestar toda a nossa solidariedade activa e de dizer ao nosso governo: “Não toquem ao povo grego!”.

Na continuidade do ato internacionalista que foi realizado o 1° de outobro em Paris (ato no qual militantes e responsáveis operários da Grecia, Grã Bretanha, Alemanha, Espanha, Portugal, Irlanda falaram conjuntamente com oradores franceses), o secretariado nacional do Partido Operário Independente, na sua reunião do sábado 5 de novembro, decidirá das formas apropriadas de organizar a mobilização em solidariedade com o povo grego. Desde já, toma contacto com todos os partidos e organizações que se reclamam da defesa dos interesses operários de modo a preparar uma resposta forte, na mais ampla unidade, à provocação do presidente da República francesa representando unicamente os interesses dos bancarroteiros e especuladores sem escrúpulos.

Os secretários nacionais do POI

Claude Jenet, Daniel Gluckstein, Gérard Schivardi, Jean Markun

Paris, 3 de novembro de 2011, às 12 horas

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