terça-feira, 23 de agosto de 2011

A CABEÇA DE KADAFI E A OBSESSÃO MÓRBIDA PELA LIQUIDEZ

A cabeça de Kadafi é uma guerra pequena para o porte da crise que paralisa a respiração da economia mundial. No colapso de 29 foi preciso um conflito planetário para reativar recursos e forças produtivas empoçados na economia. A reconquista do petróleo líbio e a reconstrução do país dão esperança de oxigênio para alguns países, como França e Inglaterra que lideram o ataque da Otan. Mas é bule pequeno para o tamanho da boca recessiva. Todas as atenções dirigem-se à próxima 6ºfeira, dia 26, quando o BC norte-americano , o Fed, realiza um encontro anual em Kansas City. Mas o que os EUA --fiscalmente anulados pelo Tea Party-- ainda podem fazer pela reativação do crescimento? O efeito da dúvida tem gerado desdobramentos preocupantes. A crise agiganta aquilo que Keynes considerava o principal inimigo do investimento produtivo indispensável ao crescimento estável: 'a obsessão mórbida pela liquidez'. O temor de uma recessão com eventual quebra de bancos e países empurra capitais ariscos à busca de abrigo em títulos públicos do EUA. Mesmo a juro zero, esses papéis se mostram mais confiáveis do que as demais opções disponíveis no planeta. Bancos dos EUA tem US$ 1,6 trilhão estocados em caixa ou em papéis do Tesouro.Empresas podem ter outro tanto. Não investem em negócios produtivos, assim como bancos não emprestam à consumidores endividados, sem folga no orçamento. Colocar dinheiro a juro zero é o mesmo que guardar capital em caixa de sapato. Bancos e grandes corporações acham preferível aos riscos visíveis num horizonte de mais recessão e agravamento fiscal, sobretudo na periferia da UE. Desde maio, fundos norte-americanos reduziram em 20% suas aplicações em títulos de bancos europeus, pondo em xeque a solvência dessas instituições. A depender da conversa de Ben Bernanke na 6º feira, a revoada discreta pode se transformar em debandada fatal. A quebra de um banco na área do euro poder servir como uma espoleta com potencial destrutivo equivalente à falência do Lehman Brothers, em 2008, marco bancário da crise mundial. A cabeça de Kadafi não tem sequer o potencial simbólico de Bin Laden. Morto pelos EUA em maio, elevou em 11 pontos a popularidade de Obama (56%). Durou pouco. Em 5 de junho, a crise e o desemprego reduziam esse cacife para 50%; em 29 de julho ele desceria para 40%.

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