quinta-feira, 30 de junho de 2011

FHC diz que assinou sigilo eterno 'sem tomar conhecimento'

'Não vejo mais razão para sigilo', diz ex-presidente sobre documentos oficiais.
Fernando Henrique está no Senado para ser homenageado pelos 80 anos.


Em Brasília para participar de uma homenagem do PSDB aos seus 80 anos, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defendeu nesta quinta (30) o fim do sigilo eterno para documentos oficiais do governo. Ele argumentou que assinou a manutenção do sigilo no “último dia de mandato”, sem ter o conhecimento da questão.

“Não precisa ter sigilo eterno. Mas podem perguntar: ‘por que você fez?’. Fiz sem tomar conhecimento, no último dia de mandato, uma pilha de documentos e só vi dois anos depois. O que é isso? Mandei reconstituir para saber o que era. Agora, o presidente da República pode alterar o sigilo. Então, não vejo mais razão para sigilo”, afirmou Fernando Henrique.

O ex-presidente da República fez uma visita ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), nesta manhã, antes de participar de homenagem do PSDB, e disse que irá conversar com Sarney, defensor do sigilo eterno, para convencer o colega sobre a abertura dos documentos.

“Vou falar com o presidente Sarney porque parece que ele tem posição discordante. Além do mais, vamos ser claros, com WikiLeaks e internet, o sigilo desaparece”, argumentou o ex-presidente.

‘Feridas’
Em 13 de junho, Sarney defendeu a manutenção do sigilo eterno sobre documentos oficiais históricos como forma de evitar que “feridas” fossem abertas nas relações diplomáticas do Brasil com países vizinhos.

“Defendo a abertura recente de documentos, agora, os documentos históricos que fazem parte da nossa história diplomática, da nossa história do Brasil, que tenham articulações como Rio Branco teve que fazer muitas vezes, não podemos revelar esses documentos se não vamos abrir feridas”, afirmou Sarney.

Já em 21 de junho, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que solicitou ao Planalto o prazo de dois meses para debater a questão. “O governo está avaliando. Ainda não há uma posição. A posição do governo vai depender do debate no Senado. Pedi dois meses para discutir a questão, o governo está avaliando [a concessão do prazo], mas o pedido de urgência ainda está mantido”, disse Jucá.

Sigilo de documentos
A discussão sobre documentos sigilosos tem como base um projeto enviado ao Congresso em 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No ano passado, a Câmara aprovou o texto com uma mudança substancial: limitava a uma única vez a possibilidade de renovação do prazo de 25 anos de sigilo.

Com isso, documentos classificados como ultrassecretos seriam divulgados em, no máximo, 50 anos. É essa limitação que se pretende derrubar agora, abrindo possibilidade para sucessivas renovações do sigilo.

A ministra das Relações Institucionais afirmou no dia 14 de junho que o governo pretendia eliminar no Senado as mudanças realizadas pela Câmara no projeto que trata do sigilo eterno de documentos oficiais. “O projeto que está tramitando aqui [no Senado] sofreu modificações na Câmara e toda a nossa vontade é de que possamos restabelecer o projeto original, aquele que foi encaminhado ao Congresso ainda durante o governo do presidente Lula. Não gostaríamos de retirar a urgência, mas gostaríamos de poder ter o retorno da proposta original”, afirmou Ideli.

A presidente Dilma Rousseff já afirrmou que há "confusão" neste debate. Segundo ele, o objetivo é avaliar, a cada 25 anos, se documentos ultrassecretos, ligados à soberania nacional e relações internacionais, podem ser divulgados. Depois, Ideli voltou a falar sobre o tema e disse que o governo já admitia discutir o fim do sigilo mesmo para documentos ligados à soberania nacional.

http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/06/nao-vejo-mais-razao-para-sigilo-de-documentos-do-governo-diz-fhc.html

Cercado por multidão, parlamento grego aprova plano do FMI

O plano de austeridade passou por 155 votos contra 138, tendo um deputado do PASOK (Socialista) votado contra o seu partido e um deputado da oposição apoiado o plano do governo.

Nas ruas, milhares de pessoas manifestaram-se contra o novo plano de austeridade, no segundo dia de greve geral. Foi a primeira vez desde o fim da ditadura militar que os gregos entraram em greve por mais de 24 horas.

A noite de terça-feira ficou marcada por confrontos nas ruas entre a polícia e grupos de manifestantes e mesmo depois do anúncio da votação têm-se repetido as cenas de violência. Milhares de policiais foram destacados para a zona do parlamento e dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha sobre os manifestantes. Depois das dezenas de feridos nos confrontos de terça-feira, a praça Syntagma voltou hoje a ser transformada num campo de batalha, com milhares de pessoas em fuga e a polícia a tentar encurralá-las nas ruas mais estreitas daquela zona da cidade. O correspondente da BBC em Atenas afirma que bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas para a estação do metro, fazendo diversas pessoas cair nas escadas, sufocadas. Cerca de 500 pessoas receberam assistência no interior da estação, com problemas respiratórios devido à nuvem de gás que percorria o centro de Atenas.

O uso de gás lacrimogêneo em larga escala foi também tema de debate no parlamento, com os deputados criticando as ordens dadas nesse sentido às forças policiais e a apelarem ao fim da "guerra química" travada à porta do edifício enquanto decorria a votação. Após a votação, os confrontos estenderam-se até junto do edifício do ministério das Finanças, que acabou por ficar parcialmente incendiado.

A sociedade grega já vive os efeitos do primeiro pacote de medidas que foi posto em marcha com a primeira parcela do empréstimo e que levou ao corte de 10% nos salários dos 800 mil trabalhadores do setor público. Com o novo plano, ao fim de três anos de recessão, a imprensa de Atenas calcula que cada família terá de pagar mais 2795 euros por ano, mais ou menos o rendimento médio mensal das famílias gregas.

"Os manifestantes sentem que o primeiro memorando agravou a crise", diz Stathis Kouvelakis, professor de economia política em Londres, que sublinha o simbolismo das imagens de manifestações em frente ao parlamento que têm corrido o mundo. "É o sistema político contra o povo. Existe uma ruptura de legitimidade profunda", declarou o investigador ao diário francês Le Monde.

A pressão da opinião pública e a irredutibilidade da oposição no parlamento trouxeram mais expectativa quanto ao comportamento dos deputados da maioria PASOK nesta votação, que acabou por decorrer favoravelmente aos planos da troika. A chanceler alemã Angela Merkel reagiu de imediato ao anúncio do resultado, classificando-o como "uma excelente notícia". Na próxima semana, o parlamento alemão irá votar as garantias bancárias para esta parcela do empréstimo à Grécia.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A história sionista

A história sionista (The Zionist story)

(Israel, 2009, 75 min. - Direção: Berek Joselewicz)

Árabes e judeus viveram em uma grande harmonia em qualquer dos lugares e continentes que estivessem por mais de 1.700 anos. Mas com a criação do sionismo, que buscava um lugar como país para os judeus, as coisas mudaram. Nas palavras de Teodoro Herzl, fundador do sionismo, em 1895, tratando de estabelecer o que seria a política sionista na Palestina, meio século antes de tomá-la, que perdura até os dias de hoje: “Vamos tratar de afugentar a miserável população local para fora das fronteiras”.
Através do documentário de Berek Joselewicz, um ex-soldado israelense - arrependido pela sua participação nas ocupações - conheça a truculência do sionismo que aterroriza todo o estado Palestino e o povo árabe com a limpeza étnica, as execuções, torturas e prisões sem julgamento de jovens, idosos, crianças e mulheres sob o falso argumento de que estão se defendendo. (docverdade)


Comentários do diretor: "(...)A História Sionista, tem o objetivo de apresentar não apenas a história do conflito entre Israel e a Palestina, mas também a principal razão para isso:
a ideologia sionista, seus objetivos (passado e presente) e sua dureza, não só na sociedade israelense, mas também, cada vez mais, sobre a percepção das questões do Oriente Médio e nas democracias ocidentais.


Esses conceitos já foram demonstrados no excelente documentário Ocupação 101, feito por Abdallah Omeish e Sufyan Omeish, mas meu documentário aborda o assunto sob a perspectiva de um ex-soldado israelense da reserva, e alguém que passou toda a sua vida na sombra do sionismo.


Eu espero que você possa encontrar um momento para assistir a história sionista e, se gostar, por favor, sinta-se livre para compartilhar com os outros. (Tanto como o documentário e as imagens arquivadas utilizados são apenas para fins educacionais, o filme pode ser distribuído livremente).”

http://docverdade.blogspot.com/2011/01/historia-sionista-zionist-story-2009.html

Para assistir clique aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=3jNYlUj2gMU

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Senado aprova anistia a bombeiros que tomaram quartel no Rio

Proposta passou pela CCJ em caráter terminativo e segue para Câmara.
Bombeiros foram detidos após ato por aumento salarial, mas já estão livres.


Robson BoninDo G1, em Brasília

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (22) projeto de lei do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) que anistia de infrações previstas no Código Penal Militar e no Código Penal os bombeiros do Rio de Janeiro que participaram do movimento para reivindicar melhores salários no começo deste mês.

A proposta foi aprovada em caráter terminativo (sem necessidade de ser aprovada em plenário) e segue para análise da Câmara dos Deputados. Se aprovada pelos deputados, a proposta vai à sanção presidencial.

No dia 4 de junho, 439 bombeiros foram presos após ocuparem o quartel central do Corpo de Bombeiros do Rio. Em 10 de junho, um grupo de deputados federais conseguiu habeas corpus que autorizou a libertação dos bombeiros. No entanto, os bombeiros ainda devem responder, segundo o Tribunal de Justiça do Rio, por motim e danos.

"Desde o início do mês de junho, os bombeiros militares do estado do Rio de Janeiro estão mobilizados por melhorias de vencimentos e de condições de trabalho. É uma luta justa, já que recebem uma das piores remunerações do Brasil”, argumentou Lindbergh na justificativa da proposta.

O projeto de anistia aos bombeiros recebeu apoio unânime dos integrantes da CCJ. Relator da matéria, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) reforçou o apoio dos senadores à legitimidade das reivindicações dos bombeiros do Rio.

No texto incluído por Crivella no projeto de Lindbergh fica estabelecido “anistia aos bombeiros militares do estado do Rio de Janeiro, que participaram de movimentos reivindicatórios por melhorias de vencimentos e de condições de trabalho entre 1º de junho e a data de publicação da lei”.

Após a aprovação do projeto, o senador Lindbergh afirmou que irá procurar os deputados para fazer com que a anistia aos bombeiros seja aprovada na Câmara “em até 15 dias”.

Ainda na justificativa da matéria, Lindbergh classificou a prisão dos bombeiros como um equívoco: "A prisão foi um equívoco. Os bombeiros são heróis, e não podem ser tratados como bandidos.”

http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/06/senado-aprova-anistia-bombeiros-que-tomaram-quartel-no-rio.html



sexta-feira, 17 de junho de 2011

Coleção História Geral da África

Unesco disponibiliza download dos oito volumes da Coleção História Geral da África

Jessica Gonçalves em 27/05/11 em Catraca Livre

Um desafio foi lançado na década de 60, mais precisamente em 1964, quando a Unesco decidiu fazer um estudo sobre a história da África. Contudo, esse estudo seria diferente de todos os outros que hoje podem ser facilmente encontrados em livros didáticos, aqueles que só falam sobre a escravidão. Este desafio era penetrar nas entranhas da África e descobrir a história, a cultura, os valores e conhecer seus povos.

O primeiro passo foi desligar-se do olhar estrangeiro, dos estudos etnológicos e antropológicos europeus e abolir dos esteriótipos. A melhor forma para narrar a história da África era, sem dúvidas, contá-la pelos próprios africanos. Formou-se, então, uma equipe de 350 cientistas coordenados por um comitê formado por 39 especialistas. Desses, dois terços eram africanos.

Ao final da produção dessa pesquisa, o resultado foi a Coleção História Geral da África, que conta com oito sólidos volumes. Ao longo das décadas de 80 e 90, esse material foi sendo editado em inglês, árabe e francês. E, em dezembro de 2010, foi lançada a versão em português da Coleção, no Brasil.
No cenário da educação no país, o conjunto de obras abrange vários aspectos como, por exemplo, o atendimento a lei 10.639/2000 (que estabelece a obrigatoriedade de estudos étnicos-raciais), o lançamento para o Ano Internacional do Povos Afrodescendentes e, ainda, a reconstrução da identidade dos brasileiros que não conhecem a cultura dos povos que contribuíram para a formação do seu país.

Esse material, além de ser utilizado nas instituições de ensinos por educadores e estudantes, está disponível, em português, no site da Unesco. O download é gratuito e os interessados podem baixar os oitos volumes, na íntegra.

Os oito volumes são divididos entre: (Clique nos links para baixar o pdf)

Volume I: Metodologia e Pré-História da África;
Volume II: África Antiga;
Volume III: África do século VII ao XI;
Volume IV: África do século XII ao XVI;
Volume V: África do século XVI ao XVIII;
Volume VI: África do século XIX à década de 1880;
Volume VII: África sob dominação colonial, 1880-1935;
Volume VIII: África desde 1935.

A cólera de Poseidon

A palavra tsunami se popularizou após o maremoto que assolou a Ásia em 2004 e voltou às manchetes dos jornais em 2011, depois da tragédia que se abateu sobre o Japão em março deste ano. O fenômeno que o termo nomeia, no entanto, é muito antigo. Há mais de 2 mil anos, textos de autores gregos como Tucídides e Heráclides do Ponto já descreviam ondas gigantescas que devastaram diferentes pontos do litoral da Grécia nos séculos V e IV a.C.

O país fica em cima de uma área de encontro de placas tectônicas. A maior parte de seu território está situada sobre a Placa do Mar Egeu, mas essa porção de terra é rodeada pelas placas Eurasiana, Africana e Anatólica. Por isso os terremotos já eram um elemento presente no cotidiano dos antigos gregos.

Para esse povo, os abalos sísmicos ocorriam quando o deus Poseidon remexia o fundo do mar com seu tridente. Por isso, a população do país não deixava de agradar o deus, sacrificando-lhe touros, dedicando-lhe festas e santuários e cunhando em moedas o seu rosto. De lá para cá a reação a esses fenômenos não mudou tanto assim. Se nos falta o politeísmo para atribuirmos aos deuses certas responsabilidades, sobra-nos imaginação para personificar a natureza como uma mãe severa, pronta a castigar filhos que lhe faltam com o devido respeito.

O mais antigo tsunami de que se tem notícia foi registrado pelo historiador grego Tucídides no Livro III de sua História da Guerra do Peloponeso. Segundo ele, no verão de 426 a.C., o exército espartano pôs-se em marcha para invadir Atenas. Ao chegar ao istmo de Corinto, porém, os guerreiros foram surpreendidos por terremotos que os fizeram desistir da campanha.

De acordo com Tucídides, ao mesmo tempo que a terra tremia naquela parte da Grécia, a costa leste do país era atingida por abalos seguidos de tsunamis que devastaram pontos do litoral do continente e da ilha de Eubeia. No parágrafo 89, o autor apresenta uma viva descrição do ocorrido: “E nesse período de terremotos contínuos, o mar em Oróbias, na Eubeia, recuou de onde então era praia e em seguida veio de volta em forma de volumosa onda, desabando sobre parte da cidade. Um tanto da água infiltrou-se no solo, mas outro tanto formou alagamento e agora é mar onde antes era terra. E dizimou quantos não conseguiram adiantar-se em correr para regiões elevadas. E na região de Atalanta, ilha situada junto ao litoral dos Lócrios Opúntios, ocorreu uma inundação bem parecida, que derrubou parte da fortaleza dos atenienses e destroçou um de dois barcos que estavam em seco. Também em Pepareto houve certo refluxo de ondas em elevação, mas não causou inundações; já o terremoto fez ruir parte da muralha, o pritaneu e outros edifícios, mas poucos”. De acordo com cálculos feitos por sismólogos modernos, os tremores atingiram 7,1 graus na escala Richter.

Todos os locais mencionados por Tucídides – o istmo de Corinto, Oróbias (atual Rovia), as ilhas Atalanta (atual Talandonisi) e Pepareto (atual Scópelos) – situam-se na borda norte da microplaca do mar Egeu, em condições geológicas muito parecidas com as do arquipélago japonês. O relato do autor grego descreve detalhes que se repetiram na recente catástrofe que atingiu o país asiático, como a formação de uma onda volumosa que adentra com força o litoral, destroçando tudo o que encontra pela frente.

A descrição de Tucídides deixa entrever também o desespero da população correndo em busca de regiões altas para escapar da morte. E, assim como no recente caso japonês, em 426 a.C. o número de mortos só não foi maior porque o cataclismo – permanece no grego moderno a palavra antiga kataklysmós com o sentido de “inundação” – aconteceu durante o dia.

Cinquenta e três anos mais tarde, porém, os moradores de Hélice não tiveram a mesma sorte. Localizada no litoral da região de Acaia, no golfo de Corinto, a cidade foi arrasada por um tsunami que a atingiu durante uma noite de inverno em 373 a.C. Detalhe: Hélice ficava a 2,5 km de distância da costa. Os sismólogos modernos calculam que o tremor que deu origem à onda gigante chegou a 8,0 graus na escala Richter.

A catástrofe foi tão aterradora que ficou gravada na memória do povo grego. Séculos depois, a tragédia ainda era mencionada por autores gregos do século I a.C., como Diodoro da Sicília e Estrabão, e continuou a ser lembrada até o século III da era cristã.

(C) David Guttenfelder / AP Photo / Glow Images

A cidade de Onagawa após a passagem do tsunami que destruiu parte do Japão em março. O relato de Trucídides revela detalhes que se repetiram no país asiático

No Livro VIII de sua Geografia, Estrabão repete o relato do filósofo Heráclides do Ponto, discípulo de Platão e contemporâneo dessa tragédia: “Heráclides afirma que essa calamidade aconteceu em seu tempo, à noite. Embora a cidade estivesse a doze estádios de distância do mar, esse intervalo todo e também a cidade ficaram submersos”. É possível deduzir o número de vítimas de uma frase de Estrabão: “Dois mil homens enviados pelos aqueus não deram conta de resgatar os cadáveres”.

O fato de a onda gigantesca ter atingido a cidade durante a noite era o que mais estarrecia os antigos. Os comentários de Diodoro da Sicília, no Livro XV de suaHistória, são um exemplo disso: “A hora do fato ampliou a extensão do desastre, pois o terremoto não ocorreu durante o dia, o que possibilitaria aos homens em perigo se socorrerem mutuamente. Ao contrário, a calamidade ocorreu à noite! Enquanto as casas desmoronavam devido à intensidade do abalo e viravam escombros, as pessoas, dado o inesperado e o inusitado daquela situação crítica, não eram capazes de reagir e buscar salvação. Foi então que a grande maioria morreu, presa entre as ruínas das casas. E, ao raiar do dia, alguns que tentavam sair de suas casas, achando que estavam livres do perigo, deram de cara com um desastre maior e mais surpreendente: o mar, que se elevou demais, repuxou em forma de onda gigante e todos foram atingidos pela inundação, perecendo junto com os familiares”.

A tragédia marcou de tal forma a história do mundo helênico que, mais de 500 anos após o acontecimento, o geógrafo grego Pausânias ainda se referia a ela em sua Descrição da Grécia, espécie de guia turístico do século II d.C. No Livro VII, ele menciona o lugar onde outrora ficava Hélice e seu santuário do deus Poseidon, rememorando o cataclismo que os submergiu.

Os autores antigos, no entanto, não se contentaram em descrever as catástrofes. Eles buscaram também explicações para elas. Tucídides formulou uma teoria baseada nas ciências naturais. “A meu ver, a causa desse tipo de fenômeno é que o ponto onde o terremoto ocorre com mais intensidade faz o mar refluir e em seguida retornar abruptamente com mais violência, causando a inundação. E sem terremoto não me parece possível ocorrer esse tipo de coisa”, afirma ele, encerrando o relato do fenômeno. A inter-relação que Tucídides notou entre o terremoto e o tsunami e a tese de que a força da onda depende da intensidade do tremor são formulações válidas ainda hoje.

No Livro VIII de sua Geografia, Estrabão repete o relato do filósofo Heráclides do Ponto, discípulo de Platão e contemporâneo dessa tragédia: “Heráclides afirma que essa calamidade aconteceu em seu tempo, à noite. Embora a cidade estivesse a doze estádios de distância do mar, esse intervalo todo e também a cidade ficaram submersos”. É possível deduzir o número de vítimas de uma frase de Estrabão: “Dois mil homens enviados pelos aqueus não deram conta de resgatar os cadáveres”.

O fato de a onda gigantesca ter atingido a cidade durante a noite era o que mais estarrecia os antigos. Os comentários de Diodoro da Sicília, no Livro XV de suaHistória, são um exemplo disso: “A hora do fato ampliou a extensão do desastre, pois o terremoto não ocorreu durante o dia, o que possibilitaria aos homens em perigo se socorrerem mutuamente. Ao contrário, a calamidade ocorreu à noite! Enquanto as casas desmoronavam devido à intensidade do abalo e viravam escombros, as pessoas, dado o inesperado e o inusitado daquela situação crítica, não eram capazes de reagir e buscar salvação. Foi então que a grande maioria morreu, presa entre as ruínas das casas. E, ao raiar do dia, alguns que tentavam sair de suas casas, achando que estavam livres do perigo, deram de cara com um desastre maior e mais surpreendente: o mar, que se elevou demais, repuxou em forma de onda gigante e todos foram atingidos pela inundação, perecendo junto com os familiares”.

A tragédia marcou de tal forma a história do mundo helênico que, mais de 500 anos após o acontecimento, o geógrafo grego Pausânias ainda se referia a ela em sua Descrição da Grécia, espécie de guia turístico do século II d.C. No Livro VII, ele menciona o lugar onde outrora ficava Hélice e seu santuário do deus Poseidon, rememorando o cataclismo que os submergiu.

Os autores antigos, no entanto, não se contentaram em descrever as catástrofes. Eles buscaram também explicações para elas. Tucídides formulou uma teoria baseada nas ciências naturais. “A meu ver, a causa desse tipo de fenômeno é que o ponto onde o terremoto ocorre com mais intensidade faz o mar refluir e em seguida retornar abruptamente com mais violência, causando a inundação. E sem terremoto não me parece possível ocorrer esse tipo de coisa”, afirma ele, encerrando o relato do fenômeno. A inter-relação que Tucídides notou entre o terremoto e o tsunami e a tese de que a força da onda depende da intensidade do tremor são formulações válidas ainda hoje.

Erika Onodera

Pontos do litoral grego atingidos por tsunamis: 1- Istimo de Corinto / 2- Atenas / 3- Lócrios Opúntios / 4- Oróbias, na ilha Eubeia / 5- Ilha Pepareto / 6- Hélice, no golfo de Corinto

Para provar sua tese, Eliano relata um fato extraordinário que teria prenunciado o cataclismo de Hélice: “Cinco dias antes da destruição de Hélice, ratos, doninhas, cobras, lacraias, besouros e animais de igual porte, quantos havia no lugar, puseram-se a fugir em massa pelo caminho que leva a Cerínea”.

Esse curioso fenômeno de percepção animal relatado por Eliano encontra paralelo no tsunami que atingiu a Ásia em 2004. Jornais e revistas da época noticiaram que os animais do Parque Nacional de Yala, no Sri Lanka, escaparam ilesos. Para os ambientalistas do parque, “os bichos devem ter detectado a proximidade das ondas e fugido para locais mais elevados”. Do mesmo modo, os animaizinhos de Hélice também fugiram em sentido contrário ao mar, rumo a Cerínea, cidade do interior.

Maria Celeste Consolin Dezotti é professora de língua e literatura grega da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara

Milhares de estudantes e professores protestam contra Piñera

Protestos massivos realizados em Santiago e em outras cidades chilenas deixaram claro o descontentamento com a situação da educação pública no Chile. Manifestantes pediram mudanças como o fim do lucro, maior equidade e gratuidade de ensino. Cresce o descontentamento com o governo conservador.

A imagem mais imponente que se repetirá nesta sexta-feira nas capas de todos os jornais chilenos serão as 70 mil pessoas, segundo cifras oficiais (100 mil, segundo os manifestantes), que ontem saíram para protestar na principal avenida de Santiago: a Alameda. A cena se repetiu em Valparaíso, Concepción, Temuco, Valdivia, Arica, San Antonio, Chillán e Antofagasta, as mais importantes cidades chilenas e onde a cidadania se encarregou – mais uma vez – de recordar ao governo direitista de Sebastian Piñera que há descontentamento, frustração e raiva; que o governo de excelência que prometeram não existe.

A convocatória da Confederação de Estudantes do Chile (Confech), que agrupa a todas as universidades tradicionais do país, juntamente com o Colégio de Professores, superou todas as expectativas, que giravam em torno de 20 mil pessoas. Mas pouco a pouco, por volta das 11 horas, começou a chegar muita gente à Praça Itália, lugar que separa a Santiago mais rica da cidade da classe média e centro nevrálgico de manifestações na capital. Em seguida, a massa humana caminhou tranquilamente até a Praça dos Heróis, muito próximo do Palácio de La Moneda. Ali se realizou um ato central, os discursos foram pronunciados quase nas barbas no ministro d Educação, Joaquín Lavín, e do próprio Piñera.

A manifestação de ontem une-se a outras marchas convocadas pelos ambientalistas e onde a cidadania em geral participou no rechaço ao projeto que pretende construir hidroelétricas na Patagônia, e ao menos massivo, mas também muito significativo, protesto dos estudantes secundaristas realizado na semana passada e quem reuniu cerca de 7 mil “pinguins” (apelido desses estudantes).

O “tac tac” dos passos soava em uníssono, enquanto a maré humana avançava sob o olhar atento dos carabineiros que esperavam o primeiro sinal de desordem para reprimir. A longa fila estava colorida de diversos cartazes, faixas, lenços e batucadas, deixando claro, ruidosamente, o descontentamento com a educação pública e exigindo mudanças como o fim do lucro nas escolas, maior igualdade e gratuidade no ensino.

Um dos rostos visíveis era de Jaime Gajardo, presidente do Colégio de Professores, secundado por Camila Vallejos, presidenta da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECH) e por um grande número de estudantes secundaristas que, desde a semana passada, se mantem mobilizados ocupando quase 240 estabelecimentos escolares e se negando a suspender as ocupações para sentar-se e conversar como propôs o governo. “Exigimos o mesmo, educação pública para o Chile, pelo fim do lucro na educação, que o Estado recupere seu papel, que se privilegie o público sobre o privado, mais democracia nas escolas e universidades e que se avance rumo a uma educação de qualidade e não elitista como é agora”, detalhou Gajardo.

Neste sentido, fez uma comparação com a grande rebelião contra o sistema educacional protagonizada em 2006 pelos estudantes secundaristas, fato conhecido como “puingüinazo” e que custou a cabeça de um ministro, pôs em xeque a administração de Bachelet e conseguiu colocar na agenda política do país o tema educacional.

“A diferença é que, agora, participam todos os setores da educação”, disse ainda Gajardo. “Aqui se expressa o movimento social, uma expressão que é transversal, legítima, de mais de 100 mil manifestantes”, acrescentou Camila Vallejos. “Alguns disseram que o povo não quer manifestações, mas hoje são mais de 100 mil pessoas dizendo que querem se manifestar, sim, que querem participar para recuperar a educação pública e para que o Estado assuma seu papel de garantir o direito à educação”, agregou.

A dirigente universitária disse ainda que “hoje não nos serve dialogar porque as coisas são claras. Nós exigimos que se respeite a lei, que diz que não se pode lucrar com a educação e isso não está sendo respeitado e não tem havido vontade política para que seja respeitada”.

No ato central estiveram presentes representantes da oposição e dos ecologistas. “É como se todo o Chile estivesse na marcha. Há gente de todo tipo que está reclamando, isso me parece maravilhoso”, sustentou María José, uma jornalista recém egressa de uma universidade privada e que está desempregada. José Luis, motorista de caminhão, de passagem por Santiago, afirmou: “tenho quatro filhos e só posso pagar universidade para um, o resto deverá começar a trabalhar assim que puder. Por isso venho reclamar e apoiar esses jovens”. Mas como tem sido a tônica das últimas manifestações, grupos isolados de manifestantes se enfrentaram com os carabineiros, que os reprimiu com cassetetes, jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo, em plena Alameda, próximo ao Ministério da Educação.

As desordens se aproximaram do Palácio de La Monde onde alguns “encapuzados” lançaram pedras, paus e bombas molotov contra o pessoal das Forças Especiais.

Agora os estudantes avaliam a marcha e seguem analisando os caminhos a seguir, uma jornada que está longe de ser concluída, enquanto as portas do Ministério da Educação não se abram sem condições.

Tradução: Katarina Peixoto


http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17931

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pela libertação imediata e anistia dos bombeiros do Rio e pelo atendimento de suas reivindicações!

Na última sexta-feira, dia 3 de junho, mais de 2 mil bombeiros decidiram ocupar o quartel central do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro. A Juventude Revolução-IRJ se solidariza com a luta dos bombeiros, os quais recebem o pior salário da categoria no país, com o piso de R$ 950,00. Eles exigem aumento do piso para R$ 2.000,00 líquidos, além de vale transporte.
Há dois meses, os bombeiros tentam negociar com o Governador do Rio Sergio Cabral (PMDB), mas este se recusa a recebê-los. Cabral trata bombeiros como bandido, ao mandar o BOPE no dia 4 de junho, durante ocupação no quartel, para intimidar os manifestantes, atirando com balas de verdade e jogando bombas de gás lacrimogêneo, inclusive na presença de mulheres e crianças. O Governador ainda prendeu 439 bombeiros por exigirem melhores condições de trabalho e salários necessários para pagar suas contas.


Sergio Cabral é inimigo dos trabalhadores e só aprende quando trabalhadores impõem a ele uma derrota. Sergio Cabral é inimigo dos trabalhadores e só aprende quando trabalhadores impõem a ele uma derrota. É hora da CUT, dos sindicatos das outras categorias, das entidades estudantis como a UNE, a UBES prestarem solidariedade aos bombeiros não apenas com notas publicas, mas também com ajuda material. E o PT, partido que nasceu da luta dos trabalhadores, deveria romper com esse governo e se colocar aos trabalhadores e portanto, no lado oposto ao de Cabral.

Para os bombeiros se manifestarem com tanta força é porque a situação realmente está grave. Como militares e diferente da polícia civil, os bombeiros não têm direito de fazer greve nem de se organizar em sindicatos. Sendo suas punições ainda mais severas do que outra categoria de trabalhadores. Mesmo assim os bombeiros não se intimidaram e partiram para cima do governo para impor vitória aos trabalhadores.

O novo Comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Sérgio Simões, deu entrevista nesta segunda-feira afirmando ser o único interlocutor legítimo para negociar com o Governador Cabral. Mas não assume a reivindicação dos bombeiros. E quanto é para tratar dos presos, o Comandante lava suas mãos, dizendo todo o tempo que não é sua responsabilidade. Estão certos os manifestantes que continuam exigindo ser recebidos diretamente pelo Governador.

- Pela libertação e anistia imediata dos bombeiros em luta!

- Pela implementação do piso salarial de R$ 2 mil!

- Em defesa do direito de greve!

Marcius Siddartha, militante da JR-IRJ

A mídia e o golpe. A voz da Globo

Editorial de "O Globo", em 2 de abril de 1964

“Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.

Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.

Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.

Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.

Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.

As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, "são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI."

No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.

Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.

Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.

A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.

Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto.Sejamos dignos de tão grande favor”.

http://diariogauche.blogspot.com/2008/04/editorial-de-o-globo-em-2-de-abril-de.html#links

Entrevista com Ilan Pappe: a propaganda e os mitos da historiografia oficial de Israel

Jair de Souza envia entrevista com o historiador israelense Ilan Pappe sobre o conflito Israel x Palestina. Pappe é considerado um dos Novos Historiadores, grupo de acadêmicos israelenses que têm desafiado a história oficial do país, incluindo o papel de Israel na Palestina em 1948, o êxodo de árabes e as negociações de paz na região. Sua principal fonte de pesquisa é proveniente de documentos oficiais do governo isralense. Pappé é autor de uma análise profunda sobre os acontecimentos de 1948, que levaram à criação do Estado de Israel. Em de seus livros mais importantes, Ethnic Cleansing in Palestine, ele defende que houve uma limpeza étnica na região com a expulsão deliberada da população civil palestina por parte das forças israelenses. Crítico aberto do sionismo, Pappe defende que essa ideologia é um dos principais obstáculos para a paz no Oriente Médio.

http://rsurgente.opsblog.org/2011/01/29/ilan-pappe-o-historiador-que-incomoda-israel/

Israel já matou 257 crianças em Gaza

Segundo relatos, durante os ataques de Israel aos palestinos em 2009, 257 crianças foram assassinadas, leia a postagem do blog RSURGENTE:

(I) – A Organização das Nações Unidas divulgou relatório ontem informando que 257 crianças palestinas morreram e 1.080 ficaram feridas durante os 14 dias dos ataques israelenses em Gaza. Mais de 760 palestinos já morreram. Do lado de Israel, a contabilidade macabra aponta dez soldados mortos. As crianças representam mais de metade da população de cerca de 1,5 milhão de palestinos na faixa de Gaza e mais de um terço das vítimas do exército israelense.

CRIMES DE GUERRA (II) – Trinta palestinos foram mortos nesta semana, segundo a Organização das Nações Unidas, depois de serem abrigados pelo Exército israelense em uma casa posteriormente atacada com um tanque, afirma matéria da Agência Reuters. O texto diz:

Um relatório do Escritório do Coordenador de Assuntos Humanitários da ONU disse que, no dia 4 de janeiro, soldados israelenses levaram 110 palestinos para uma casa na área de Zeitoun, no centro de Gaza, dizendo a eles para não saírem dali. Citando testemunhas, o relatório disse que, depois, a casa foi atingida por bombas, que mataram 30 pessoas. O Exército israelense disse que está investigando o “incidente”.

Médicos palestinos disseram que, no dia 5 de janeiro, receberam 12 corpos de uma mesma família numa casa atingida pela artilharia israelense. Segundo eles, o número total de mortos subiu para 30, já que mais corpos foram retirados dos escombros. Eles identificaram a maioria dos mortos como membros de uma família de sobrenome Samouni. A ONU disse que, entre os mortos, há três crianças feridas que não resistiram.

http://rsurgente.opsblog.org/2009/01/09/israel-ja-matou-257-criancas-em-gaza/

"Dois séculos de conquistas estão sendo jogados no lixo"

Em entrevista à Televisão da Catalunha, o escritor uruguaio Eduardo Galeano fala sobre as mobilizações que levaram milhares de jovens para as ruas de diversas cidades espanholas nos últimos dias. "Esse é um dos dramas do nosso tempo. Dois séculos de lutas operárias que conquistaram direitos muito importantes para a classe trabalhadora, estão sendo jogados na lata de lixo por governos que obedecem à uma tecnocracia que se julga eleita pelos deuses para governar o mundo. É uma espécie de governo dos governos, como este senhor que agora parece que se dedica a violar camareiras, mas antes violava países e era aplaudido por isso".

Em entrevista ao programa "Singulars", da Televisão da Catalunha (TV3), o escritor uruguaio Eduardo Galeano fala sobre as manifestações dos últimos dias que levaram milhares de jovens para as ruas de diversas cidades espanholas. Galeano esteve em Madri e pode presenciar ao vivo as mobilizações na Porta do Sol. Disponibilizamos abaixo a entrevista concedida ao jornalista Jaume Barberà e destacamos alguns trechos da fala de Galeano:

Untitledfrom Rebelión on Vimeo.

"Há hoje em quase toda a América Latina um problema visível e preocupante que é o divórcio entre os jovens, as novas gerações, e o sistema político, o sistema de partidos vigente. Eu não reduziria a política à atividade dos partidos, por que ela vai muito mais além, mas isso é preocupante mesmo assim".

"Nas últimas eleições chilenas, por exemplo, 2 milhões de jovens não votaram. E não votaram porque não se deram ao trabalho de fazer o registro eleitoral. Suponho que a maioria não fez o registro por que não acredita nisso. E me parece que isso não é culpa dos jovens. Neste sentido, gostei muito de ter presenciado essas manifestações que tive oportunidade de ver na Porta do Sol".

"Um dos lemas que ouvi era 'com causa e sem casa', o que é muito revelador da situação atual. Muitos daqueles jovens ficaram sem casa e sem trabalho. Isso deve ser levado em conta. Esse é um dos dramas do nosso tempo. Dois séculos de lutas operárias que conquistaram direitos muito importantes para a classe trabalhadora, estão sendo jogados na lata de lixo por governos que obedecem à uma tecnocracia que se julga eleita pelos deuses para governar o mundo".

"É uma espécie de governo dos governos, como este senhor que agora parece que se dedica a violar camareiras, mas antes violava países e era aplaudido por isso. É essa estrutura de poder, muitas vezes invisível, que de fato manda. Por isso, quando se consegue aglutinar vozes capazes de dizer 'basta' a primeira coisa a fazer é ouvi-las com respeito, sem desqualificá-las de antemão e saber esperar. Esses jovens não parecem esperar ordens de ninguém. Agem espontaneamente, aliando razão à emoção. Como vai acabar isso? Não sei. Talvez acabe logo, talvez não. Vamos ver".

"O mundo está preso em um sistema de valores que coloca o êxito acima de todas as virtudes. Ele é uma fonte de virtudes. Em troca, condena o fracasso. Perder é o único pecado para o qual, no mundo de hoje, não há redenção. Estamos condenados a ganhar ou ganhar. Os dois homens mais justos da história da humanidade, Sócrates e Jesus, morreram condenados pela Justiça. Os mais justos foram condenados pela Justiça. E nos deixaram coisas muito importantes como amor e coragem".

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17833