O jornalista italiano Domenico Quirico, que permaneceu
sequestrado por cinco meses na Síria, declarou nesta segunda-feira que
chegou a escutar uma conversa de seus sequestradores na qual diziam que
"a operação com gás em dois bairros de Damasco" foi perpetrada pelos
rebeldes para provocar a intervenção militar do Ocidente.
Quirico ofereceu seu testemunho ao jornal italiano La
Stampa, do qual é correspondente, em resposta às declarações realizadas
por seu companheiro de cativeiro, o professor universitário belga Pierre
Piccinin da Prata, que em uma entrevista a uma rádio de seu país,
recolhida pelos meios de comunicação italianos, assegurou que o governo
de Bashar al-Assad não utilizou gás sarin na periferia de Damasco.
"É uma loucura dizer que eu sei que não foi Assad o que
utilizou o gás", afirmou Quirico, que ontem à noite voltou à Itália após
ser libertado após cinco meses de cativeiro. Quirico assinalou que
desconheciam tudo o que estava acontecendo na Síria durante seu
sequestro e, "portanto, também o ataque com gás em Damasco".
No entanto, o italiano explicou que em uma ocasião
escutou, desde o quarto no qual permaneciam retidos e através de uma
porta entreaberta, uma conversa em inglês por Skype (chamadas pela
internet) entre três pessoas.
Quirico ressaltou que desconhece os nomes dos
participantes da conversa, mas que um deles se apresentou como um
general do Exército Livre Sírio, enquanto nunca tinha visto o homem que
lhe acompanhava, e que também não sabe nada do terceiro interlocutor com
o qual falavam através de internet. "Nessa conversa - precisou Quirico -
diziam que a operação com gás nos dois bairros de Damasco tinha sido
perpetrada pelos rebeldes como provocação, para induzir o Ocidente a
intervir militarmente e que, na sua opinião, o número de mortos era
exagerado".
Não tenho elementos para julgar (...) É uma loucura dizer que eu
sei que não foi Assad que utilizou o gás", concluiu o jornalista.
Em 29 de abril, o jornal La Stampa denunciou o
desaparecimento de Quirico, após não ter notícias do jornalista em 20
dias e explicou que a última vez que haviam falado com ele foi depois
que conseguiu entrar na Síria para realizar uma série de reportagens na
zona de Homs. Ontem à noite, o jornal anunciou que o jornalista tinha
sido liderado e que ia viajar de volta à Itália de forma imediata.
http://noticias.terra.com.br/mundo/oriente-medio/,2d8f71ea15ef0410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html?fb_ref=FBRecommPluginTerra
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