Imigrantes sem papeis não têm direitos reconhecidos por governo isralenese; temperatura em Saharonim chega a 40 graus
Na prisão de Saharonim, que fica no deserto do Negev, no sul de
Israel, se encontram homens, mulheres e crianças do Sudão e da Eritreia,
que tentaram entrar no país a pé, através da península egípcia do
Sinai.
De 2007 a 2012, cerca de 60.000 cidadãos da Eritreia e do
Sudão, que fugiram de seus países para salvar suas vidas, conseguiram
entrar em Israel.
Essas pessoas vivem no país sem qualquer reconhecimento de sua condição
de refugiados e sem que o Estado avalie as circunstâncias nas quais
deixaram seus países e entraram em Israel. "Se entrevistassem essas
pessoas, se as ouvissem, descobririam que a grande maioria delas é de
refugiados políticos e que merecem receber o status e os direitos de
refugiados", afirmou Sigal Rozen, da ONG israelense Hotline for Migrant
Workers (centro de assistencia a trabalhadores estrangeiros, em tradução
livre).
A lei internacional proíbe que um país repatrie pessoas cujas vidas
podem estar ameaçadas em seu país de origem. Esse é o caso do Sudão,
assolado por uma sangrenta guerra civil e da Eritreia, controlada por
uma das ditaduras militares mais cruéis do planeta.
Ódio racial
Sem documentos e sem direito de trabalhar legalmente, a população de
refugiados africanos vive em condições precárias e se concentra
principalmente na região sul da cidade de Tel Aviv.
Esse ódio, parte em consequência do incitamento conduzido por políticos
de direita contra os refugiados africanos, e parte em decorrência das
condições de vida nos bairros pobres e densos da cidade, vem se
alastrando e, nos últimos dois anos, já causou algumas erupções
violentas.
Em 2012, houve uma série de ataques por parte de israelenses racistas
contra casas e pequenos negócios de africanos, deixando vários lugares
depredados e pessoas feridas.
Entre os políticos de direita que incitam contra os africanos está a
deputada Miri Regev, do partido governista Likud e chefe da Comissão de
Interior do Parlamento. Regev chegou a qualificar os refugiados
africanos como "câncer no corpo da nação".
O ministro do Interior, Gideon Saar, afirmou que "precisamos continuar
agindo energicamente para barrar esse fenômeno, continuaremos com a
política do governo de repatriar infiltradores para seus países de
origem ou para terceiros países".
De acordo com o ministro, Israel "é o único país ocidental que tem
fronteira com a África e, se não agirmos de maneira clara e sem
concessões, o país será inundado por infiltradores ilegais".
Endurecimento das leis
Segundo a Lei de Prevenção de Infiltração, aprovada pelo Parlamento de
Israel em junho de 2012, qualquer refugiado africano que tente entrar
sem documentos no país pode ser preso por um período de pelo menos três
anos.
Nos últimos meses, o Parlamento também aprovou uma nova cláusula à
mesma lei, que permite que qualquer imigrante sem papeis que for
suspeito de contravenções seja imediatamente enviado à prisão de
Saharonim.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/29834/israel+mantem+2.000+refugiados+africanos+em+cadeia+no+deserto.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário