quarta-feira, 22 de agosto de 2012

África do Sul: massacre de 34 mineiros evoca apartheid

A morte nesta quinta-feira de 34 mineiros em um confronto com a polícia na África do Sul causou comoção no país, que voltou a lembrar os momentos mais duros do antigo regime de segregação racial do apartheid.
A chefe da polícia sul-africana, Riah Phiyega, confirmou hoje as mortes, ocorridas durante protestos na mina de platina da empresa Lonmin, em Marikana, a cerca de 100 km de Johanesburgo, Além das mortes, 78 pessoas ficaram feridas. Esta é a operação policial mais sangrenta que acontece na África do Sul desde 1994, quando acabou o apartheid. Ao todo, 259 pessoas foram presas pelos distúrbios de Marikana, precisou Riah em entrevista coletiva.
A situação na mina era tensa hoje, com um forte aparato policial no local. No hospital da região, dezenas de pessoas aguardavam para saber o estado dos feridos: "ainda não sabemos quem está ferido ou não. As pessoas não sabem o que ocorreu com seus familiares", disse à agência EFE um mineiro que não quis se identificar. "A polícia tinha instruções de disparar contra a gente. Havia algumas pessoas armadas, mas a maioria só carregava paus", relatou à EFE outro dos trabalhadores da mina.
A resposta policial suscitou críticas de partidos políticos e associações civis, que pediram uma investigação do fato. A tragédia foi comparada com massacres ocorridos durante o apartheid. O Congresso Nacional Africano (CNA), ligado ao NUM e que está no poder desde que Nelson Mandela assumiu a presidência em 1994, defendeu uma "investigação exaustiva" sobre o caso e demonstrou sua consternação pela tragédia.
A morte dos 34 mineiros reacendeu na África do Sul o fantasma da violência do apartheid e a lembrança do massacre de Shaperville, em 1960, quando 69 trabalhadores foram mortos. O jornal local Times afirmou hoje que as imagens de Marikana "são horrivelmente familiares" e "parecem vir daquele passado da África do Sul no qual os choques entre a polícia e a população civil eram frequentes, mas esta já não é mais a época do apartheid".
Dezoito anos depois do fim do regime, a situação política na África do Sul é distinta, mas muitos trabalhadores negros, como os mineiros, seguem excluídos dos benefícios da primeira economia emergente da África e vivem em condições precárias. Para o jornal local The Sowetan, o massacre de Marikana significa que uma "bomba-relógio deixou de fazer tic-tac e explodiu".

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