O documento “Análise da situação na Venezuela,
Janeiro de 2010”, produzido pela organização Canvas, cuja sede fica em
Belgrado, está entre os documentos da empresa de inteligência Stratfor vazados
pelo WikiLeaks.
O último vazamento do WikiLeaks – ao qual a Pública teve
acesso – mostra que o fundador desta organização se correspondia sempre com os
analistas da Stratfor, empresa que mistura jornalismo, análise política e
métodos de espionagem para vender “análise de inteligência” a clientes que
incluem corporações como a Lockheed Martin, Raytheon, Coca-Cola e Dow Chemical
– para quem monitorava as atividades de ambientalistas que se opunham a elas –
além da Marinha americana.
“Dependendo do país, eles doavam de um determinado jeito. Os
americanos têm um ‘braço’ formado por ONGs muito ativo no apoio a certos
grupos, outros países como a Espanha não têm e nos apoiavam através do
ministério do exterior”. Entre as ONGs citadas por Marovic estão o
National Endowment for Democracy (NED), uma organização financiada pelo
congresso americano, a Freedom House e o International Republican
Institute, ligado ao partido republicano – ambos contam polpudos financiamentos
da USAID, a agência de desenvolvimento americana que capitaneou movimentos
golpistas na América Latina nos anos 60, inclusive no Brasil.
Todas essas ONGs são velhas conhecidas dos governos
latinoamericanos, incluindo os mais recentes.
Foi o IRI, por exemplo, que ministrou
“cursos de treinamento político” para 600 líderes da oposição haitiana na
República Dominicana durante os anos de 2002 e 2003. O golpe contra
Jean-Baptiste Aristide, presidente democraticamente eleito, aconteceu em 2004.
Investigado pelo Congresso dos Estados Unidos, o IRI foi acusado de estar por
trás de duas organizações que conspiraram para derrubar Aristide. Na
Venezuela, o NED enviou US$ 877 mil para grupos de oposição nos meses
anteriores ao golpe de Estado fracassado em 2002, segundo revelou
o New York Times. Na Bolívia, segundo documentos do governo
americano obtidos pelo jornalista Jeremy Bigwood, parceiro da Pública, a USAID
manteve um “Escritório para Iniciativas de Transição”, que investiu US$
97 milhões em projetos de “descentralização” e “autonomias regionais” desde
2002, fortalecendo os governos estaduais que se opõem a Evo Morales.
Para o pesquisador Mark Weisbrot, do instituto Center
for Economic and Policy Research, de Washington, organizações como a IRI e
Freedom House “não estão promovendo a democracia”. “Na maior parte do tempo,
estão promovendo exatamente o oposto. Geralmente promovem as políticas
americanas em outros países, e isto significa oposição a governos de esquerda,
por exemplo, ou a governos dos quais os Estados Unidos não gostam”.
Leia a reportagem completa no link: http://apublica.org/2012/06/revolucao-a-americana/
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