quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Milícias estão fora de controlo na Líbia

Juntaram-se para combater o ditador e, depois deste desaparecer às suas mãos, deviam ser uma espécie de exército impulsionador do restabelecimento das instituições e da lei na Líbia. No entanto, um relatório da Amnistia Internacional (AI) avança que, os mesmos que lutaram por justiça, ignoram agora os direitos humanos mais elementares.
O relatório 'Militias threaten hopes for new Libya' revela que «as milícias armadas a operar na Líbia estão a cometer violações dos direitos humanos com impunidade, alimentando a insegurança e dificultando a reconstrução das instituições públicas».

Todas as milícias deviam responder perante o Conselho de Transição Nacional - a entidade formada durante a guerra e que coordenou a oposição -, mas, neste momento, cada milícia obedece apenas ao seu comandante local. No país existem, pelo menos, 125 mil líbios armados e divididos por 100 a 300 milícias que asseguram a segurança do país e das próprias instalações do Estado.

São estes grupos de homens fragmentados, cada um com o seu líder, os responsáveis pelas mortes, detenções e episódios de tortura que a AI agora relata.

Desde Setembro, pelo menos 12 pessoas foram torturadas até à morte, num país onde apesar da queda do ditador, a violência e a impunidade perpetuam a instabilidade e a insegurança.

Técnicos da AI estiveram na Líbia e visitaram centros de detenção geridos pelas milícias, onde verificaram que, em dez dos 11 centros visitados, os detidos foram torturados e contam histórias de horror. Vários confessaram crimes que não cometeram - violações, homicídios e outros - apenas para não serem mais torturados.

Donatella Rovera, Investigadora Sénior de Resposta à Crise da Amnistia Internacional resume a situação: «Há um ano os líbios arriscaram as suas vidas para exigir justiça. Hoje, as suas expectativas estão a ser comprometidas por milícias armadas ilegais que passam por cima dos direitos humanos sem serem punidas. A única maneira de acabar com as práticas enraizadas de décadas de abusos sob o comando autoritário do coronel Kadhafi é assegurando que ninguém está acima da lei e que as investigações aos abusos serão feitas».

http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=41692

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