sábado, 27 de agosto de 2011

Historiador israelense defende que povo judeu é invenção do sionismo

Na carteira de identidade do historiador israelense Shlomo Sand, no lugar reservado à nacionalidade está escrito que ele é judeu.

Sand, 64, solicitou ao governo que seja identificado de outro modo, como israelense, porque acredita que não existe nem um povo nem uma nação judeus.

Seus motivos estão expostos em "A Invenção do Povo Judeu". Best-seller em Israel, traduzido para 21 idiomas e incensado pelo historiador Eric Hobsbawm, o livro chega agora ao Brasil (Benvirá).

O autor defende que não há uma origem única entre os judeus espalhados pelo mundo. A versão de que um povo hebreu foi expulso da Palestina há 2.000 anos e que os judeus de hoje são seus descendentes é, segundo Sand, um mito criado por historiadores no século 19 e desde então difundido pelo sionismo.

"Por que o sionismo define o judaísmo como um povo, uma nação, e não como uma religião? Acho que insistem em ser um povo para terem o direito sobre a terra. Povos têm direitos sobre terra, religiões não", diz à Folha, por telefone, de Paris.

"Na Idade Média a palavra povo se aplicava a religiões: o povo cristão, o povo de Deus. Hoje, aplicamos o termo a grupos humanos que têm uma cultura secular -língua, comida, música etc. Dizemos povo brasileiro, povo argentino, mas não povo cristão, povo muçulmano. Por que, então, povo judeu?"

Valendo-se de fontes e documentos históricos, a tese de Sand, ele mesmo admite no livro, não é em si nova (cita predecessores como Boaz Evron e Uri Ram). "Sintetizei, combinei evidências e testamentos que outros não fizeram, pus de outro modo."

Ele compara: até meados do século 20, "a maioria dos franceses achava que era descendente direto dos gauleses, os alemães dos teutões e os italianos, do império de Júlio César". "São todos mitos", afirma, "que ajudaram a criar nações no século 19".

Neste século 21, sustenta, não há mais lugar para isso.

"Não só o Brasil é uma grande mistura. A França, a Itália, a Inglaterra são. Somos todos misturados. Infelizmente há muitos judeus que se acham descendentes dos hebreus. Não me sinto assim. Gosto de ser uma mistura."

Filho de judeus, nascido num campo de refugiados na Áustria, o autor lutou do lado israelense contra os árabes na Guerra dos Seis Dias, em 67, quando o país ocupou Cisjordânia e faixa de Gaza.

Em seguida virou militante de extrema esquerda e passou a defender um Estado palestino junto ao de Israel.

Professor na Universidade de Tel Aviv e na França, onde passa parte do ano, o historiador avalia que as hostilidades entre israelenses e palestinos, reavivadas nas últimas semanas, continuarão por tempo indeterminado.

"Enquanto o Estado palestino não for reconhecido nas fronteiras de 67, acho que a violência não vai parar."

A INVENÇÃO DO POVO JUDEU
AUTOR Shlomo Sand
EDITORA Benvirá
TRADUÇÃO Eveline Bouteiller
QUANTO R$ 54,90 (576 págs.)

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/966168-historiador-israelense-defende-que-povo-judeu-e-invencao-do-sionismo.shtml

Estudo indica que religião pode ser extinta em 9 países ricos

Uma pesquisa baseada em dados do censo e projeções de nove países ricos constatou que a religião poderá ser extinta nessas nações.

Analisando censos colhidos desde o século 19, o estudo identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirma não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, República Checa, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia e Suíça.

Através de um modelo de progressão matemática, o estudo, divulgada em um encontro da American Physical Society, na cidade americana de Dallas, indica que o número de pessoas com religião vai praticamente deixar de existir nestes países.

‘‘Em muitas democracias seculares modernas, há uma crescente tendência de pessoas que se identificam como não tendo uma religião; na Holanda, o índice foi de 40%, e o mais elevado foi o registrado na República Checa, que chegou a 60%’’, afirmou Richard Wiener, da Research Corporation for Science Advancement, do departamento de física da Universidade do Arizona.

O estudo projetou que na Holanda, por exemplo, até 2050, 70% dos holandeses não estarão seguindo religião alguma.

Modelo

A pesquisa seguiu um modelo de dinâmica não-linear que tenta levar em conta fatores sociais que influenciam uma pessoa a fazer parte de um grupo não-religioso.

A equipe constatou que esses parâmetros eram semelhantes nos vários países pesquisados, resultando na indicação era de que a religião neles está a caminho da extinção.

"É um resultado bastante sugestivo", disse Wiener.

"É interessante que um modelo tão simples analise esses dados...e possa sugerir uma tendência".

"É óbvio que cada indivíduo é bem mais complicado, mas talvez isso se ajuste naturalmente", disse ele.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/03/110322_religioes_extincao_bg.shtml

Especulação financeira, e não problema climático, explica a fome no Chifre da África

SÃO PAULO - Não é a seca, mas sim a especulação financeira nas bolsas a causa mais profunda do drama humanitário existente hoje no Chifre da África, em especial na Somália. A análise é do professor Ladislau Dowbor, da PUC-SP, um especialista em questões africanas e desenvolvimento econômico.

Após a eclosão da crise financeira global de 2008, explica o economista, especuladores retiraram seus recursos de ativos de altíssimo risco e apostaram nos papéis de commodities, puxando as cotações para cima. O índice de preços de alimentos da FAO, agência das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação, marcava 234 pontos em junho passado, 39% acima do registrado no mesmo mês de 2010.

O resultado: mais dificuldade de acesso à comida, sobretudo nas áreas mais vulneráveis do planeta.

"Sem resolver isso, criando uma taxa planetária para onerar a especulação e ainda levantar fundos para um programa de recuperação mundial, a fome continuará sendo uma tragédia comum", disse Dowbor à Carta Maior.

De acordo com o economista, a questão não atinge apenas países africanos, mas é mundial e está presente inclusive na América Latina. "Fala-se muito sobre a crise do Chifre da África hoje, mas a fome é um problema diário e mundial. Há 180 milhões de crianças passando fome no mundo e 11 milhões delas morrem todos os anos por um motivo ridículo. Isso não é causado pela crise de agora", ressalta.

Dados da FAO apontam que o número de famintos no planeta saltou, durante a crise financeira, de 900 milhões para 1,2 bilhão de pessoas. No Chifre da África, que tem ocupado as manchetes diante da onda migratória gerada pela fome, são 12 milhões sem comida suficiente.

Segundo Dowbor, a crise nessa região africana torna-se ainda mais dramática porque "Estados falidos" têm menos condições de administrá-la. "Falidos não apenas financeiramente, mas do ponto de vista institucional. São Estados que têm dificuldade de manter até políticas públicas relativamente simples, como coleta de lixo", diz o professor da PUC-SP. No caso da Somália, uma guerra civil está agravando ainda mais a situação.

Encontro na Itália
Altos representantes dos 191 países membros da FAO, outras agências do sistema ONU e organizações internacionais e não governamentais estiveram reunidos nesta quinta-feira (25), em Roma, a fim de discutir soluções para a crise humanitária no Chifre da África. Segundo despacho da FAO, o diretor-geral da entidade, Jacques Diouf, pediu atitudes urgentes.

"Os efeitos combinados da seca, inflação e conflito criaram uma situação catastrófica que requer com urgência o apoio internacional", afirmou.

Presente no encontro, o ministro da Agricultura da França, Bruno Le Maire, pediu a implementação do plano de ação sobre a alta dos preços dos alimentos discutido pelos ministros de Agricultura do G-20 em junho - "em especial com relação à coordenação internacional de políticas, à produção e produtividade agrícolas e às reservas de alimentos destinadas a emergência humanitária".

Além disso, a ONU aposta na execução do "Plano de ação para o Chifre da África", criado pelo do Comitê Permanente dos Organismos da ONU (IASC, sigla em Inglês). O plano, elaborado pela FAO, o Programa Mundial de Alimentos da ONU e a ONG Oxfam, prevê trabalho conjunto com os governos nacionais da região - como Somália, Quênia, Uganda e Eritréia - para reforçar estruturas locais de ajuda humanitária e de apoio aos agricultores.

Apesar da mobilização internacional, Ladislau Dowbor não é otimista. "Com a Europa e os Estados Unidos em crise, os problemas internos passam a gerar mais preocupação do que tragédias internacionais", lamenta-se ele, que vê essa posição dos países ricos como um equívoco. Ele explica:

"A época de ouro da Europa, entre 1945 e 1975, foi justamente um perído em que se olhou para os pobres e distribuiu-se renda, com elevada taxa de imposto e construção de infra-estrutura. Isso gerou uma sociedade mais equilibrada e mais dinâmica em termos econômicos. Uma saída para a resolver a crise atual seria seguir essa estratégia, com os países do norte encarando os do sul como uma oportunidade, e não uma ameaça", propôs o economista.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Provando do próprio veneno: agência de risco rebaixa nota dos EUA

A Standard & Poor reduziu sexta-feira a notação dos EUA para AA+. Outras agências de classificação de risco poderão seguir os mesmos passos nos próximos dias. Economista Paul Krugman afirma que “é impossível negar” que a economia americana “não está e nunca esteve a caminho da recuperação”. Para Krugman, crescimento do desemprego de longa duração é uma catástrofe humana que deverá reduzir as receitas futuras do governo. Criação de emprego deveria ser a maior prioridade dos EUA neste momento, defende o economista.

Desde que atribuiu a notação máxima aos EUA em 1941, esta é a primeira vez que a Standard & Poor’s (S&P) reduz o seu rating. A Moodys e a Fitch poderão seguir os seus passos, tendo em conta que colocaram recentemente a notação financeira da dívida norte-americana com “outlook” negativo.

Num comunicado enviado aos mercados, a S&P esclarece o seu procedimento, sublinhando que a decisão de baixar o ‘rating' reflete a sua “opinião de que o processo de consolidação orçamentária recentemente aprovado pelo congresso e pela Administração Obama não é suficiente para estabilizar a dinâmica da dívida a médio prazo".

A agência de rating norte-americana sublinha ainda que a decisão resulta da sua “perspectiva de que a eficácia, estabilidade e previsibilidade dos decisores políticos e instituições norte-americanas enfraqueceu, numa altura de desafios orçamentais e económicos”, para um nível que não antecipava quando colocou o 'outlook' negativo em abril.

Mesmo com a implementação do novo plano de consolidação orçamentária, a S&P prevê que a dívida pública dos Estados Unidos atinja 74% do PIB este ano e ascenda a 79% do PIB em 2015. Em 2011, o déficit deverá fixar-se nos 9% do PIB.

Krugman questiona recuperação da economia norte-americana
O Nobel da Economia Paul Krugman afirmou, num artigo de opinião publicado no The New York Times, que não só a ameaça de o regresso da recessão é bem real como agora é “é impossível negar” que a economia “não está e nunca esteve a caminho da recuperação”.

Krugman relembra os últimos números do emprego nos EUA para corroborar a sua afirmação e alerta para o fato de o crescimento do desemprego de longa duração ser uma “catástrofe humana” que “vai reduzir as receitas futuras do governo”.

O Nobel da Economia defende que a criação de emprego deve ser a maior prioridade. Segundo Krugman, “é tempo – mais do que tempo – de olhar seriamente para a crise real que a economia enfrenta”, sendo que “a Federal Reserve precisa de parar com as desculpas e o presidente precisa de apresentar verdadeiras propostas criadoras de emprego e, se os republicanos bloquearem essas propostas, [Obama] tem de seguir o estilo de Harry Truman e fazer campanha contra a política republicana de não fazer nada”.

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A CABEÇA DE KADAFI E A OBSESSÃO MÓRBIDA PELA LIQUIDEZ

A cabeça de Kadafi é uma guerra pequena para o porte da crise que paralisa a respiração da economia mundial. No colapso de 29 foi preciso um conflito planetário para reativar recursos e forças produtivas empoçados na economia. A reconquista do petróleo líbio e a reconstrução do país dão esperança de oxigênio para alguns países, como França e Inglaterra que lideram o ataque da Otan. Mas é bule pequeno para o tamanho da boca recessiva. Todas as atenções dirigem-se à próxima 6ºfeira, dia 26, quando o BC norte-americano , o Fed, realiza um encontro anual em Kansas City. Mas o que os EUA --fiscalmente anulados pelo Tea Party-- ainda podem fazer pela reativação do crescimento? O efeito da dúvida tem gerado desdobramentos preocupantes. A crise agiganta aquilo que Keynes considerava o principal inimigo do investimento produtivo indispensável ao crescimento estável: 'a obsessão mórbida pela liquidez'. O temor de uma recessão com eventual quebra de bancos e países empurra capitais ariscos à busca de abrigo em títulos públicos do EUA. Mesmo a juro zero, esses papéis se mostram mais confiáveis do que as demais opções disponíveis no planeta. Bancos dos EUA tem US$ 1,6 trilhão estocados em caixa ou em papéis do Tesouro.Empresas podem ter outro tanto. Não investem em negócios produtivos, assim como bancos não emprestam à consumidores endividados, sem folga no orçamento. Colocar dinheiro a juro zero é o mesmo que guardar capital em caixa de sapato. Bancos e grandes corporações acham preferível aos riscos visíveis num horizonte de mais recessão e agravamento fiscal, sobretudo na periferia da UE. Desde maio, fundos norte-americanos reduziram em 20% suas aplicações em títulos de bancos europeus, pondo em xeque a solvência dessas instituições. A depender da conversa de Ben Bernanke na 6º feira, a revoada discreta pode se transformar em debandada fatal. A quebra de um banco na área do euro poder servir como uma espoleta com potencial destrutivo equivalente à falência do Lehman Brothers, em 2008, marco bancário da crise mundial. A cabeça de Kadafi não tem sequer o potencial simbólico de Bin Laden. Morto pelos EUA em maio, elevou em 11 pontos a popularidade de Obama (56%). Durou pouco. Em 5 de junho, a crise e o desemprego reduziam esse cacife para 50%; em 29 de julho ele desceria para 40%.

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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Chile reconhece mais 9.800 vítimas da ditadura Pinochet

O Chile reconheceu oficialmente que a ditadura Pinochet (1973-1990) fez muito mais vítimas do que o número admitido anteriormente.

Uma comissão do governo concluiu que mais 9.800 pessoas foram torturadas ou presas por motivos políticos durante a ditadura chilena.

"Foram classificados cerca de 9.800 vítimas de prisão política e torturas e 30 casos de desaparecimento forçado e execução política", afirmou a presidente da Comissão Valech, María Luisa Sepúlveda.

Até então, eram reconhecidos 27.153 casos de pessoas que sofreram violações de direitos humanos e, por isso, recebiam compensações financeiras mensais do governo.

Junto com as 3.065 pessoas que foram mortas ou desapareceram e, por isso, foram dadas como mortas, a lista oficial --que foi aceita nesta quinta-feira pelo presidente do Chile, Sebastian Piñera-- conta agora com 40.018 vítimas.

Os sobreviventes receberão cerca de US$ 260 (R$ 418) por mês.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/961755-chile-reconhece-mais-9800-vitimas-da-ditadura-pinochet.shtml

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Jovens se revoltam ao ter seus direitos negados

Estudante chilenos lutam pelo direito à educação. De outra forma, esta revolta se manifesta na Inglaterra.

No Chile, milhares de jovens vão às ruas, participando de grandes mobilizações. Em apenas uma marcha foram 120 mil, em um movimento de greves e ocupações estudantis que já dura meses, mostram que a paciência dos estudantes está se esgotando. Os jovens chilenos não têm direito a uma educação pública gratuita. Mais de 100 mil estudantes encontram-se em situação de inadimplência, com uma dívida média de mais de US$ 5.000. Eles exigem uma reforma estrutural no sistema educacional herdado de Pinochet, que garanta a gratuidade do ensino em seus três níveis.
A luta dos jovens chilenos é parte de uma situação mundial que se manifesta em todos os países, em diferentes formas. Em todo o mundo, o capitalismo segue negando um futuro à juventude. Para pagar o custo da crise, o imperialismo exige que se corte cada vez mais fundo na carne dos trabalhadores e dos jovens. Atendendo às determinações do FMI, do Banco Mundial, e demais agências do imperialismo, os mais diversos governos aprofundam a política de privatizações, cortes orçamentários, precarização das condições de trabalho e ataque a direitos sociais como Educação e Saúde pública e os sistemas de previdência.
Esta pretensa “salvação” dos países significa, na verdade, desviar dinheiro para pagar juros de dívidas (em muitos países, acrescidas com a entrega de bilhões aos bancos e empresas em falência na crise de 2008/09) e para assegurar o lucro dos especuladores. É uma ofensiva feroz contra os povos, que joga milhões no desemprego e na miséria.

Aos jovens, os ataques são brutais. O que o capitalismo reserva é o desemprego ou empregos precários, a guerra, as drogas. A juventude se vê negada a um futuro. Diante da falta de perspectiva, a juventude se revolta em vários lugares do mundo.

Londres
É esta revolta que se manifesta em Londres. Em que pese que uma onda de violência com saques e incêndios, conduz ao caos e não abre uma perspectiva de conquistar uma solução aos problemas enfrentados, trata-se de uma reação a um descontentamento profundo. É preciso lembrar que a crise e a política de austeridade do governo britânico tiveram conseqüências gravíssimas sobre a classe trabalhadora. Por exemplo, em Tottenham, bairro londrinho, 35% dos jovens de 16 a 25 anos estão desempregados. 75% do dinheiro destinado a projetos sociais foi cortado e 8 dos 13 centros de cultura foram fechados. São jovens que não têm perspectiva de emprego, recebem uma educação precária, muitos são discriminados por sua origem, e enfrentam cotidianamente a presença ostensiva da polícia, cuja revolta veio à tona.

O caminho é a organização dos jovens, para fazer com que esta rebeldia e necessidade de lutar por mudanças se transformem na luta, ao lado dos trabalhadores, em busca de uma saída à opressão e destruição causadas pelo imperialismo.

Priscilla Chandretti, militante da JR-IRJ em Juiz de Fora (MG)

domingo, 14 de agosto de 2011

Injeção letal teria sido usada na Guerrilha do Araguaia

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA
FELIPE LUCHETE
DE BELÉM

Soldados da Guerrilha do Araguaia (1972-74) reconheceram um coronel aposentado de Belém como sendo o médico de bases militares onde ocorreram torturas e levantam a suspeita de seu envolvimento na morte de guerrilheiras com injeções letais.

Quatro ex-soldados localizados pela Folha identificaram, por foto, Walter da Silva Monteiro, 74, como o médico militar conhecido à época como "capitão Walter".

A suspeita de sua participação nas mortes surgiu em um vídeo com dois ex-soldados, gravado em abril pelo grupo do governo federal que procura ossadas das vítimas.

As testemunhas dizem ter convivido com Monteiro no 52º Batalhão de Infantaria de Selva, em Marabá (PA), de onde partia para missões em outras bases na região.

O reconhecimento do "capitão Walter" foi feito por meio de sua imagem contida num registro de candidatura, guardado no Tribunal Regional Eleitoral do Pará. Em 2002, ele tentou se eleger deputado federal pelo PHS.

INJEÇÕES

"Esse aí era da linha de frente", relata o ex-soldado Adaílton Bezerra, que disse ter sido vítima de um suposto erro do médico --uma lavagem no ouvido teria resultado em danos no tímpano.

Monteiro, que já dirigiu dois dos principais hospitais de Belém, nega participação na Guerrilha do Araguaia.

Mesmo assim, será convidado a depor na Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República. Ele está livre de punição, graças à Lei da Anistia.

O militar, hoje na reserva do Exército, pode ser um arquivo vivo das violações aos direitos humanos no Araguaia, diz Paulo Fonteles Filho, observador do grupo do governo que busca ossadas.
Foi ele quem produziu o vídeo no qual aparece o relato sobre as injeções letais.
As possíveis mortes por esse método existem apenas em relatos.

A primeira menção a elas ocorreu há dois anos, por meio de um oficial do Exército que atuou no conflito. Mas a citação ao "capitão Walter" surgiu só no vídeo de abril.

"A gente ouviu circular no quartel que duas guerrilheiras tinham sido mortas com injeção. O pessoal dizia que tinha sido o capitão Walter, o médico", disse o ex-soldado Manuel Guido Ribeiro na gravação. Ele confirmou à Folha o teor do vídeo. Nele, está acompanhado por um colega, José Adalto Xavier, não localizado pela Folha.

Bezerra e outro ex-soldado, Raimundo Melo, confirmam que ouviram à época a história, mas não as ligam ao "capitão".

Agora, o observador do governo federal quer achar outras pessoas que deem mais detalhes das mortes.

OUTRO LADO
O coronel da reserva Walter da Silva Monteiro negou ter participado da Guerrilha do Araguaia.

O primeiro contato ocorreu por uma mensagem de celular, em 15 de julho. O número foi dado pelo vereador Fernando Dourado (DEM), que propôs o título de "Cidadão de Belém" a Monteiro e disse desconhecer a participação dele na guerrilha.

Informado dos relatos dos ex-soldados sobre seu envolvimento em mortes por injeção letal, ele respondeu: "Você é louco. Nessa época eu tinha 16 anos e nem formado eu era, muito menos militar. Vá se informar direito!"

Mas, de acordo com seu registro eleitoral, em 1972, quando o conflito começou, ele completou 35 anos.

Duas semanas depois, a Folha foi até sua casa, em Belém. Ele não aceitou receber a reportagem.
Em uma rápida conversa pelo interfone de seu prédio, limitou-se a afirmar que no período da guerrilha estava em Belém, e não na região do conflito.

Procurado, o Exército disse que Monteiro não aceitou liberar as informações sobre em que locais trabalhou durante sua carreira militar.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/959373-injecao-letal-teria-sido-usada-na-guerrilha-do-araguaia.shtml

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Celso Amorim é favor da volta de tropas brasileiras do Haiti

Jailton de Carvalho, O Globo

O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, que toma possa [hoje], apoia a saída das tropas brasileiras do Haiti. O assunto foi discutido na primeira reunião entre o ministro e os comandantes das Forças Armadas, no Palácio do Planalto, no sábado.

Segundo um dos participantes do encontro, houve "convergência de opinião", ou seja, a cúpula militar também concorda com o retorno das tropas. O Exército brasileiro lidera a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) desde junho de 2004.

Amorim, um dos principais articuladores da participação do Brasil na missão de paz no Haiti, ainda no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avalia que este ciclo está chegando ao fim. A economia voltou a crescer e, aos poucos, o país está retornando à normalidade democrática.

A missão de paz teve papel crucial na segurança interna do Haiti, após a queda do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, mas, nos últimos anos, tornou-se alvo de crescente resistência, inclusive, no plano externo.

- É preciso pensar numa estratégia de saída (do Haiti) - disse Amorim a interlocutores, reservadamente, um dia após a reunião com os militares.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/08/08/celso-amorim-a-favor-da-volta-de-tropas-brasileiras-do-haiti-397095.asp

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mais de 300 mil pedem justiça social em Israel

Mais de 300 mil pessoas saíram às ruas em diversas cidades de Israel neste sábado para protestar contra o alto custo da moradia e também contra o modelo econômico vigente no país. Na terceira semana consecutiva de protestos massivos nas ruas de Israel, os manifestantes gritaram "o povo exige justiça social" e pediram a renúncia do primeiro ministro Benjamin Netanyahu.

Mais de 300 mil pessoas marcharam juntas em diversas manifestações massivas de protesto que tomaram conta de Israel neste sábado, de acordo com estimativas da polícia.

Aproximadamente 300 mil se reuniram em Tel Aviv, 20 mil em Jerusalém, 3 mil em Kiryat Shmona, 5 mil em Mod’in, mil em Hod Hasharon e mil em Eilat. Por outro lado, apoiadores do primeiro ministro Benjamin Netanyahu disseram que a mídia inflou os números de manifestantes nos protestos.

Em Tel Aviv, as pessoas marcharam da Praça Habima, próxima à cidade das barracas, no Boulevard Rothschild, ao complexo militar Kirya, na rua Kaplan.
Os manifestantes gritavam “o povo exige justiça social” e “uma geração inteira exige um futuro”.

Uma série de cartazes eram levantados na rua Kaplan onde se podia ler “Renuncie, o Egito é aqui”.

“Juventude de Israel, nossa hora chegou”, dizia a liderança da União Nacional dos Estudantes , Itzik Shmuli, na marcha de Tel Aviv.

Esta manifestação marcou a terceira semana consecutiva em que uma marcha de protesto ocorreu em Tel Aviv. Manifestações menores também ocorreram em Ashkelon (mais de 500 manifestantes), Dimona (em torno de 200) e Eilat (1000).

Em torno de mil manifestantes bloquearam o cruzamento Shomrim no Vale Jezreel. A marcha foi puxada pela palavra de ordem “a periferia do norte está acordando”.

A polícia fechou a rua Kaplan para o tráfego no sábado, em antecipação à marcham, e anunciou que ela só seria reaberta às 4 horas da manhã do domingo. Várias outras rodovias maiores, na parte central da cidade foram bloqueadas durante a marcha.

Tradução: Katarina Peixoto

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18192

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Com Collor, Forças Armadas mantiveram espionagem política até 91

Senador e ex-presidente é um dos maiores opositores à abertura dos arquivos secretos do governo; ele defende o sigilo eterno

Ricardo Galhardo, iG São Paulo | 02/08/2011 07:00

Documentos confidenciais disponibilizados recentemente pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo mostram que as Forças Armadas mantiveram um esquema de espionagem política até 1991, quando o presidente era Fernando Collor de Mello. Atualmente Collor é senador pelo PTB-AL e um dos maiores opositores à abertura dos arquivos secretos do governo.

Os papéis encontrados no extinto Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Civil de São Paulo mostram que Exército, Marinha e Aeronáutica compartilhavam relatórios de teor exclusivamente político entre si e com órgãos estaduais de segurança como as polícias Militar e Civil, além da Polícia Federal. Entre os investigados estavam partidos de oposição, sindicatos, movimentos sociais e militantes de esquerda. Os documentos sugerem que as Forças Armadas infiltravam agentes em assembleias de trabalhadores, reuniões partidárias, atos com conotação esquerdista e até instituições como a Câmara Municipal de São Paulo.

As incursões clandestinas viravam relatórios, todos com carimbo “confidencial”, que eram distribuídos em uma espécie de rede de informações que incluía setores das Forças Armadas como o Centro de Inteligência do Exército (CIE), 11ª Brigada de Infantaria Blindada, 12ª Brigada de Infantaria Motorizada, 2ª Brigada de Artilharia, 4º Comando Aéreo Regional (4º Comar), Comando Militar Sudoeste (CMSE), Superintendência Regional da Polícia Federal, Polícia Militar do Estado de São Paulo e o DCS da Polícia Civil, entre outros.

Em uma rápida pesquisa nos arquivos do DCS, o iG encontrou seis documentos com timbre das Forças Armadas. Dois deles dizem respeito ao PC do B, um ciclo de debates sobre “Problemas do Socialismo e Situação Mundial” e a participação da Corrente Sindical Classista, braço sindical do partido, no 4º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

O terceiro documento relata a realização de encontros zonais e municipais do PT preparatórios ao 1º Congresso Nacional do partido.

O quarto documento relata uma sessão solene da Câmara Municipal de São Paulo em “Homenagem à Amizade Entre os Povos Brasileiro e Cubano e Pelo Fim do Bloqueio Econômico a Cuba”, no dia 27 de setembro de 1991.

O quinto documento reproduz um suplemento do Departamento de Estudos Sócio-Econômicos e Políticos da CUT e cita nomes de dirigentes como os de Osvaldo Bargas e Jorge Lorenzetti que, 15 anos depois, protagonizariam o escândalo dos aloprados.

O sexto papel é um relatório sobre a decisão da CUT de apoiar a Contag e, assim, passar a influenciar três mil sindicatos rurais e 22 federações.

Todos os papéis têm conteúdo exclusivamente político. Nenhum relatório registra ameaças de violência, desobediência civil ou qualquer outro fato que justifique a ação dos militares.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o senado Fernando Collor disse que desconhecia as atividades.

O iG procurou a assessoria de imprensa do Exército que, depois de saber o teor da reportagem disse que a resposta caberia ao Ministério da Defesa pois os fatos envolvem as três forças. O ministério foi procurado por telefone. Assessores do ministro Nelson Jobim pediram que as questões fossem encaminhadas por e-mail. O iG encaminhou a mensagem, mas não recebeu resposta.

http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/com+collor+forcas+armadas+mantiveram+espionagem+politica+ate+91/n1597098885700.html