No
dia 13 de dezembro de 1912, uma sexta-feira, nascia em Exu (PE) Luiz
Gonzaga Nascimento, aquele viria a ser o Rei do Baião. Historiadores
da MPB, como Ricardo Cravo Albin, destacam o papel fundamental que
Gonzaga teve na inserção dos ritmos nordestinos no mapa musical do
Brasil
Agência
Brasil -
No dia 13 de dezembro de 1912, uma sexta-feira, nascia em Exu (PE) o
segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana
Batista de Jesus, que, na pia batismal da igreja matriz da cidade
recebeu o nome de Luiz Gonzaga Nascimento.
Gonzaga
incluiu a música e a cultura do Nordeste no mapa da mídia
Paulo
Virgilio, Rio de Janeiro - O cantor, compositor e ex-ministro da
Cultura Gilberto Gil disse, em recente entrevista, que Luiz Gonzaga
foi "a primeira coisa significativa do ponto de vista da cultura
de massa no Brasil". Gil revelou que Gonzaga foi o seu primeiro
ídolo, ainda na cidade baiana de Ituaçu, onde cresceu. Por causa
disso foi um acordeon, e não o violão, seu primeiro instrumento
musical.
Vários
nomes da música popular brasileira (MPB) que eram meninos ou jovens
na época em que o baião tomou conta do rádio tiveram o acordeon, e
não o violão ou o piano, como primeiro instrumento. Este também
foi o caso de Milton Nascimento e de João Donato.
Historiadores
da MPB, como Ricardo Cravo Albin, destacam o papel fundamental que o
sanfoneiro teve na inserção dos ritmos nordestinos no mapa musical
do Brasil. Isso foi possível por causa do rádio, que vivia uma era
de ouro na década de 1940.
No
universo do rádio da então capital federal, um local protagonizou a
grande mexida que a sonoridade da sanfona, da zabumba e do triângulo
trouxe para a música popular brasileira: o auditório de 500 lugares
da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, com seus programas transmitidos
para todo o país.
Foi
do auditório da Rádio Nacional que saíram, pela primeira vez, em
1946, para todo o Brasil, os versos de Humberto Teixeira para a
composição de Luiz Gonzaga que ensinou o Brasil a dançar o baião
e fez o ritmo virar uma febre musical que tomou conta do país. "Eu
vou mostrar pra vocês como se dança um baião e quem quiser
aprender é favor prestar atenção", diz o refrão da música
cantada por Gonzagão.
Também
foi na Rádio Nacional que ele ganhou o apelido Lua, dado pelo
violonista Dino Sete Cordas, devido à sua cara redonda. O apelido
foi popularizado pelos radialistas César de Alencar e Paulo Gracindo
em seus programas, que sempre contavam com a participação do
sanfoneiro.
Estudioso
lembra que o sanfoneiro mapeou a cultura e a geografia nordestinas em
sua música
Para
o cantor e compositor Sergival, que nos dias de hoje apresenta, na
Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o programa Puxe o Fole, Luiz
Gonzaga foi o responsável pela construção da identidade do
sertanejo da região nos meios de comunicação de massa."A
imagem do nordestino projetada através do seu figurino – chapéu
de couro, inspirado em Lampião, a jaqueta de couro, inspirada no
vaqueiro, as alpercatas de couro, os embornais – todos esses
elementos constituíram a grande contribuição de Luiz Gonzaga para
popularizar o Nordeste como um todo no país", relata.
Estudioso
da obra do artista, Sergival ressalta que ele e seus parceiros, como
Humberto Teixeira e Zé Dantas, mapearam a cultura popular nordestina
e a própria região geográfica nas letras de suas músicas ."Os
animais, os pássaros, os rios e outros elementos citados nas letras
retratam o cotidiano do nordestino, a agricultura de subsistência, a
vegetação, a seca. E aí ele entra na questão social, nos reflexos
da seca", acrescenta.
O
trio musical formado por sanfona ou acordeom, zabumba e triângulo
também foi uma criação de Gonzaga. "Além da intuição de
ter um instrumento grave e rítmico, que é a zabumba, um agudo, que
é o triângulo, e a sanfona fazendo a harmonia e os solos, havia a
facilidade que essa formação permitia para as turnês que ele fazia
pelo Brasil inteiro".
A
formação musical facilitava a mobilidade, exigia cachê menor,
poucos músicos, além de mostrar os instrumentos típicos do
Nordeste: a zabumba, muito usada pelas bandas de pífanos em novenas,
e o triângulo, usado pelos vendedores ambulantes para apregoar seus
produtos.
Até
chegar a essa formação instrumental, Luiz Gonzaga passou por outras
etapas em sua trajetória como músico. Ele começou a tocar sanfona
com o pai, o velho Januário, que tocava a chamada concertina, um
instrumento de oito baixos. Diferentemente do acordeom de teclas, a
concertina é de botões e exige outra técnica de tocar. O velho
Januário era considerado o melhor nesse instrumento, na região do
sertão pernambucano, onde vivia. Luiz Gonzaga cresceu nesse
ambiente, com o pai, consertando instrumentos e tocando.
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