Líder indígena diz que mineradores
ilegais no país cometeram os crimes.
Ataque ocorreu após tentativa de estupro que teve resistência.
A
Promotoria da Venezuela investiga um suposto massacre de índios ianomâmi em uma
aldeia situada na fronteira com o Brasil, num caso em que garimpeiros
brasileiros são apontados como suspeitos da morte de até 80 de pessoas.
O
suposto massacre, segundo testemunhas e sobreviventes, teria sido desencadeado
pela tentativa dos garimpeiros de estuprar mulheres indígenas.
A Promotoria Geral da
Venezuela indicou nesta quarta-feira (29) uma comissão para investigar o
suposto ataque, que teria sido cometido em julho, mas cujos detalhes só vieram
à tona nos últimos dias.
De
acordo com a ONG Survival International, os índios, que teriam encontrado os
corpos carbonizados das supostas vítimas do massacre, só conseguiram reportar a
ação muito tempo após ela ter sido cometida, já que os ianomâmi vivem em uma
região isolada e as testemunhas levaram dias para chegar a pé até o povoamento
mais próximo.
'Corpos carbonizados'
Ainda segundo o relato
de Luis Shatiwë, 'no último dia 5 de julho, um grupo de garimpeiros queimou a
aldeia irothatheri. Em seguida, três visitantes chegaram à comunidade e
encontraram os corpos carbonizados''.
''Ao
tomarem outro caminho para voltar, os visitantes encontraram três sobreviventes
no meio da selva, que narraram que os garimpeiros pretendiam abusar sexualmente
de mulheres ianomâmis. Diante da resistência dos ianomâmis, que conseguiram
resgatar as jovens, os mineiros começaram a murmurar e a se organizar para
matar e destruir a comunidade. Foi assim que o ataque ocorreu'', afirmou
Shatiwë.
''Os
três sobreviventes disseram que não podiam abandonar a aldeia, já que tinham
ali os corpos sem vida de seus entes queridos. E pediram aos visitantes que
transmitissem a informação ao exterior e pedissem ajuda. Assim começou o
itinerário de volta, que culminou nesta semana, com a apresentação da denúncia
formal do massacre perante as autoridades de Puerto Ayacucho (na Venezuela)'',
contou Shatiwë.
A
denúncia foi apresentada perante a Promotoria-Geral e a Defensoria Popular, em
Puerto Ayachucho, e também perante a 52ª Brigada de Guarnição Militar, que
registrou os depoimentos.
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