A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou nesta terça-feira por 50
votos a favor e 49 contra um projeto de lei que descriminaliza o aborto
até a 12ª semana de gestação e sem limite em caso de risco para a mãe,
sempre que for realizado sob a supervisão das autoridades.
Com isso, o país fica a um passo de descriminalizar o aborto, uma vez
que o projeto ainda deve ser ratificado pelo Senado, onde provavelmente
será aprovado sem dificuldades. Após essa etapa, ficaria faltando apenas
a assinatura do presidente José Mujica, que já afirmou que sancionará o
projeto
A lei foi aprovada após um longo debate de quase 14 horas, no qual não
faltaram momentos de emoção nem duros enfrentamentos entre os
parlamentares, o que provou que o tema ainda divide os políticos
uruguaios.
A mulher uruguaia que desejar abortar deverá ir a um médico e expressar
seu desejo para o profissional. O médico encaminhará a mulher para um
comitê formado por ginecologistas, psicólogos e assistentes sociais, que
a informará sobre todas as possibilidades que ela tem. A mulher terá
cinco dias para refletir.
Se prosseguir com a ideia do aborto, a prática será realizada de forma
imediata, sem mais trâmites. Este projeto é uma modificação substancial
do projeto de lei votado pelo Senado, já que a governista Frente Ampla
(FA), criadora da medida, não contava com os votos suficientes entre os
deputados para aprovar a lei.
Desta forma, a FA foi obrigada a chegar a um acordo com o parlamentar
Ivan Posada (Partido Independente), cujo voto foi determinante para a
aprovação da lei. No final, votaram a favor do projeto 49 dos 50
deputados da Frente Ampla e Posada.
Em seu discurso na Câmara, o deputado Posada defendeu o projeto ao
considerá-lo uma iniciativa "idônea para diminuir a quantidade de
abortos que são praticados no país". "Este projeto opta pelo caminho do
meio, pelo caminho do menor mal", explicou diante dos deputados.
Já o deputado Fitzgerald Cantero argumentou contra, dizendo que "com
este projeto a mãe poderá fazer, de acordo com seu estado de ânimo, o
que quiser com a gravidez".
Apesar de ser considerado crime, no Uruguai são feitos por ano mais de
30 mil abortos, segundo números oficiais, embora o número real possa ser
o dobro, afirmam ONG's.
Em novembro de 2008 foi aprovada uma lei parecida, mas que não entrou em
vigor devido ao veto do então presidente, o oncologista Tabaré Vázquez,
um gesto que causou indignação na Frente Ampla e nas organizações
feministas.
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6180482-EI8140,00-Camara+dos+Deputados+do+Uruguai+aprova+projeto+que+libera+aborto.html
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