O Brasil tem um papel cada vez mais importante no mercado armamentista
dos EUA: a marca gaúcha Forjas Taurus tornou-se a quarta maior
distribuidora de armas no país da National Rifle Association, ao lado de
gigantes como Smith&Wesson. Um em cada cinco revólveres comprados
por americanos em 2012 veio da fabricante brasileira, que hoje vende
mais nos EUA do que no próprio Brasil.
Essa rápida expansão no território americano é parte de uma
estratégia maior da holding Taurus, que nos últimos anos vem adotando
uma estratégia mais agressiva para ampliar exportações. Segundo a
diretora de relações com investidores, Doris Wilhelm, no topo da lista
de destinos cobiçados pela empresa está África e América Central -
segundo a ONU, as duas regiões do mundo com maior número de mortes por
arma de fogo (mais informações nesta página).
Doris afirma que os EUA são o maior mercado da Taurus e o único em
que a esmagadora maioria das vendas é para pessoas, e não forças
estatais de segurança pública e militar. "Estamos falando de um mercado
de consumo: civis americanos comprando armas como hobby, esporte, caça e
defesa pessoal. A cultura americana é 'outro bicho'. A Segunda Emenda
(da Constituição) garante o direito de portar armas e defender sua
propriedade."
O New York Times afirmou na terça-feira que a Taurus seria uma
possível compradora da fabricante do fuzil AR-15 Bushmaster, usado no
massacre de Newtown. A companhia brasileira diz que a informação é
"meramente especulativa". Nos dois dias úteis após a tragédia, as ações
da Taurus caíram cerca de 10%. Segundo analistas, o mercado "teme" a
aprovação de restrições a esse comércio.
Mas, como as demais empresas do setor de armamento nos EUA, a Taurus
acabou beneficiada pela débâcle econômica de 2008 e pela polarização
política no governo Barack Obama. O motivo é psicológico: em meio à
sensação de insegurança, americanos tradicionalmente compram mais armas.
O pânico após o furacão Katrina fez com que 2005 fosse o ano mais
lucrativo às empresas do setor.
Segundo Matthias Nowak, pesquisador do centro Small Arms Survey
(SAS), com sede na Suíça, o Brasil é desde 2001 o quarto maior
exportador das chamadas "armas pequenas", categoria que abrange
revólveres, pistolas, submetralhadoras, fuzis de assalto, entre outros. O
País é colocado atrás apenas de EUA, Itália e Alemanha e à frente da
Rússia, maior herdeira da indústria bélica soviética.
Para analistas, são essas as "verdadeiras armas de destruição em
massa" - as que mais provocaram mortes no mundo. Segundo o centro suíço,
os últimos dados disponíveis são de 2009 e indicam que o Brasil
exportou US$ 382 milhões dessas armas. Mas Nowak acredita que a cifra
real seja muito maior e critica a falta de informações públicas. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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