Uma missão de
investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) no território palestino de
Gaza concluiu que as crianças desse povo suportam abusos inaceitáveis das
forças de ocupação israelenses.
O
presidente do Comitê Especial para Investigar as Práticas Israelenses que afetam
os Direitos Humanos do Povo Palestino, o embaixador Palitha Kohona,
representante permanente do Sri Lanka na ONU, criticou em especial as forças
israelenses por seu tratamento inflexível com as crianças, na maioria dos casos
acusadas de jogar pedras contra os militares armados.
“Soldados
israelenses cercam as casas das crianças em altas horas da noite, lhes jogam
granadas e arrombam portas, também disparam projéteis letais e não apresentam
nenhuma ordem judicial”, descreveu. Eles prendem os menores e vendam seus
olhos, depois os levam em veículos militares, acrescentou.
Em
entrevista à IPS, Kohona disse que a situação nos territórios ocupados não
apresenta melhoras significativas desde as últimas três visitas à região.
Segundo testemunhos, as crianças detidas são proibidas de receber visitas de
seus familiares e de terem defesa legal, permanecem presas em celas com
adultos, lhes é negado o direito à educação e, inclusive, com 12 anos de idade
são julgadas em tribunais militares israelenses, contou Kohona.
O
Comitê também recebeu denúncias que dão conta que 192 crianças e adolescentes
detidos, dos quais 39 eram menores de 16 anos, disse Kohona. A prática
israelense de demolir casas palestinas continua e também aumentou a violência
dos colonos judeus, assinalou.
A
seguir, confira o que mais o representante da ONU disse à IPS sobre a situação
em Gaza:
Como descreveria o tratamento que as autoridades israelenses dão
às crianças palestinas?
Palitha
Kohona: O Comitê chegou à conclusão de que as autoridades ocupantes não estavam
cumprindo com suas obrigações legais internacionais para com os habitantes dos
territórios ocupados.
Por
exemplo, o principal resultado do bloqueio de Israel à Faixa de Gaza foi
converter 80% dos palestinos dependentes da assistência humanitária
internacional.
É
admirável a resiliência dos palestinos de Gaza, capazes de sobreviver com tão
pouco, especialmente com a inadequada atenção à saúde, as severas limitações de
suas atividades habituais, os frequentes cortes de eletricidade e os habituais
incidentes de violência que marcam a vida cotidiana. O bloqueio de Israel a
Gaza é ilegal.
As
necessidades de segurança de Israel, sem dúvida, podem satisfazer-se sem
recorrer a algumas destas duras políticas. O bloqueio, segundo muitos, equivale
a castigar coletivamente a 1,6 milhão de palestinos. E já teve um impacto
devastador em suas vidas. Muitas testemunhas perguntaram se várias destas duras
políticas eram realmente necessárias para manter a segurança ou se, na
realidade, estavam destinadas a exacerbar o sentimento de desesperança.
Considerando que estas violações aos direitos humanos são
cometidas em territórios ocupados, equivalem a violar as convenções de Genebra
sobre o tratamento a prisioneiros em situações de conflito?
Há
importantes personalidades que pensam assim e o Comitê está de acordo com esta
avaliação.
Israel permitiu alguma vez uma visita do Comitê Especial para
registrar sua versão dos fatos? Em caso negativo, qual é a desculpa
apresentada?
Ao
Comitê Especial não permitiu visitar Israel nem os territórios ocupados da
Cisjordânia e Jerusalém (ocidental) ou aos locais de Golán. Israel tem uma
política de não cooperação com o Comitê.
Você visitou três vezes a região na qualidade de presidente do
Comitê Especial. Qual é sua avaliação dos territórios ocupados?
E
como Israel proíbe quase todas as exportações de Gaza, o crescimento econômico
é sufocado e os empregos são escassos. Entre 30 e 40% da população
economicamente ativa da Faixa de Gaza está desempregada. Em torno de 1,2 milhão
de palestinos de Gaza receberam assistência alimentar da Agência das Nações
Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA).
Além
disso, 90% da água não é potável.
http://www.cut.org.br/destaque-central/49383/o-abuso-israelense-contra-as-criancas-palestinas-e-inaceitavel-revela-presidente-de-comite-especial?utm_source=cut&utm_medium=email&utm_term=informacut&utm_campaign=informacut
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