Luis Kawaguti - BBC Brasil
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Santa Catarina indicam
que o número de pessoas mortas pela polícia do Estado aumentou 53% em
um período de dois anos, entre 2010 e 2012.
O balanço mostra que as polícias militar e civil mataram 69 pessoas em
2012, em casos classificados como "resistência seguida de morte". O
número é 19% maior que o registrado em 2011 (58 casos) e 53% mais
elevado que o de 2010 (45).
A elevação da letalidade policial ocorre em um momento em que o
Estado enfrenta ondas de ataques da facção criminosa PGC (Primeiro Grupo
Catarinense) e recorre à ajuda de tropas da Força Nacional de Segurança
para tentar conter a violência.
O governo de Santa Catarina afirmou, por meio de
nota, que tal elevação se explica pela ação do crime organizado, pelo
crescimento do tráfico de drogas e pelo aumento populacional. "Não
lidamos mais com pessoas que cometem pequenos delitos ou crimes contra a
honra, armadas com navalhas ou revólveres calibre 38. Os bandidos têm
acesso a armas de grosso calibre, o que obriga a polícia (civil ou
militar) a ter uma reação à altura", diz o texto.
Uma base de dados diferente, tabulada
trimestralmente pela SSP, também sugere que as ações da polícia no
Estado se tornaram mais letais. Ela mostra que ao mesmo tempo em que
aumenta o número de assassinatos cometidos pela polícia catarinense,
diminui o número de feridos em operações policiais. Foram 30 vítimas
feridas em 2012 contra 54 no ano anterior – uma queda de 44%¨.
Mortes suspeitas
Cynthia Pinto da Luz afirmou que a comissão de
direitos humanos da OAB suspeita que nem todos os assassinatos
praticados por policiais nos últimos dois anos tenham ocorrido com o
objetivo de defesa, como alega o governo.
Segundo ela, o órgão tem recebido denúncias de
que entre os casos de "resistências seguidas de morte" podem ter
ocorrido casos de abuso da violência e até eventuais execuções de
suspeitos.
A secretaria de comunicação do governo do Estado
afirmou que a corregedoria das polícias militar e civil "investiga e
pune qualquer desvio de conduta".
Um dos mais recentes casos investigados pela
comissão de direitos humanos da OAB – a partir de uma suspeita de abuso
de violência por parte de policiais militares – é o do assassinato do
auxiliar de produção Jean de Oliveira, de 22 anos, na cidade de
Joinville, no dia 3 de fevereiro.
Ele foi morto com um tiro na cabeça, disparado
por policiais militares, enquanto andava de moto com um amigo. Segundo a
OAB, ele não estava armado e pode ter sido confundido por PMs com um
criminoso ligado aos ataques do PGC.
"O meu filho foi morto como um bandido e
enterrado como um bandido, mas ele não era. Podem me matar, mas eu vou
provar que ele era inocente", disse à BBC Brasil a mãe da vítima, a
auxiliar de serviços gerais Sueli Messias Onofre, de 42 anos.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130225_mortes_policia_sc_lk.shtml
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